terça-feira, outubro 18

CPRM defende criação de Geoparque no Rio Poti

Cânion do rio Poti: um cenário da historia geológica planetária da bacia do Parnaíba


A proposta de colocar o Cânion do rio Poti como Geoparque está sendo estudada e defendida pelos geólogos José Sidiney Barros e José Milton de Oliveira Filho, da Residência de Teresina do Serviço Geológico do Brasil. Atualmente, os pesquisadores cumprem etapa de campo de levantamento e caracterização de possíveis sítios geológicos na região.


Para apresentar a proposta, foi realizada uma palestra na Universidade do Ceará, direcionada para alunos dos cursos de engenharia civil, engenharia de minas e educação ambiental, representantes do governo local e comunidade em geral. 

O rio Poti, com nascentes no Ceará, é capturado pelo sistema de falhas regionais dos lineamentos Transbrasiliano, Picos-Santa Inês e falha de Tauá, gerando formas geológicas exuberantes e expondo e esculpindo rochas do Grupo Canindé, Formação Cabeças, e formações Tianguá e Ipu do Grupo Serra Grande. O local possui paisagem de beleza cênica impressionante, abrigando flora e fauna do bioma Caatinga que necessitam de preservação.

O cânion do Poti atinge 360 metros de altura na área
de contato entre o cristalino e rochas sedimentares
O Poti adentra o estado Piauí segundo uma falha geológica responsável por mudar o curso do rio, até então em direção ao mar. Nas proximidades de Crateús (CE) começa a mudar de direção, para noroeste. No município de Buriti dos Montes (PI), para oeste, desaguando no rio Parnaíba, em Teresina (PI).

Com uma extensão de 538 km, o rio possui bacia hidrográfica de aproximadamente 52.270 km², utilizada como corredor migratório entre as planícies do Piauí e Maranhão e o semiárido do Ceará, Pernambuco e Bahia. No local, há gravuras rupestres confeccionadas em baixo relevo, constituindo um dos mais importantes complexos de gravuras rupestres das Américas.

Para ser considerado cânion, um local precisa ter grande profundidade e extensão, originando paredões naturais esculpidos geralmente pela ação dos ventos e das águas. O Poti se enquadra na classificação de cânion, uma vez que o resultado da ação mecânica das águas faz com que o rio corte estruturas geológicas e siga o declive das camadas, aprofundando o leito e esculpindo paredões.

O cânion do Poti atinge 360 metros de altura na área de contato entre o cristalino e rochas sedimentares. Em toda a área proposta pelo estudo dos geólogos, são observados sinais e presenças de fraturas e falhas, tanto em terrenos do cristalino (estruturas geológicas antigas, formadas na era Pré-Cambriana e início da era Paleozoica) como sedimentares.


Proposta de Geoparque

Diante de tantas características geológicas relevantes, a ideia é classificar o Cânion do rio Poti como um Geoparque. O termo é uma marca atribuída pela Rede Global de Geoparques, sobre comando da UNESCO, a uma área onde sítios do patrimônio geológico devem ser preservados e protegidos e servirem de local para educação e desenvolvimento sustentável.
O cânion do rio Poti é uma das
feições naturais do Piauí e Ceará

O Projeto Geoparques, criado pela CPRM em 2006, tem papel indutor na criação de geoparques no Brasil. A premissa básica para a classificação dos locais é por meio da identificação, levantamento, descrição, inventário, diagnóstico e divulgação de áreas com potencial para futuros geoparques no território nacional.

Um geoparque deve gerar atividade econômica pelo ecoturismo e ter importância científica, devido a suas características de raridade, relevo e paisagens diferenciadas com aspectos arqueológicos, ecológicos, históricos ou culturais. 


Assessoria de Comunicação
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