sexta-feira, junho 12

Geofísica terá papel fundamental na descoberta de novos depósitos minerais



Com a reestruturação da Diretoria de Geologia e Recursos Minerais (DGM), o geofísico Luiz Gustavo Rodrigues Pinto, assumiu a Divisão de Sensoriamento Remoto e Geofísica (DISEGE), que agora reúne atribuições das antigas Divisões de Geofísica (DIGEOF) e de Sensoriamento Remoto (DISERE). Funcionário de carreira da CPRM, ele começou a trabalhar na empresa em 2007. Desde então participa de projetos ligados à geofísica em diversas áreas: geologia e hidrologia. 

Luiz Gustavo atuou na fiscalização de diversos projetos de aerolevantamentos em várias regiões do país; entre eles, Fosfato Brasil. Foi responsável ainda pela interpretação de dados geofísicos nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul; reavaliação do potencial de Nova Redenção, na Bahia; locação de poços na cidade de Guarulhos, em São Paulo;  levantamento gravimétrico em  Rondônia e Mato Grosso.  Possui ainda diversos trabalhos apresentados nos últimos congressos geologia e simpósios de geofísica.

Formado em geofísica e com doutorado na área pela Universidade de São Paulo (USP), realizou parte do doutorado na Universidade de Trieste, Itália, cujo tema abordou a Interpretação de dados gravimétricos e eletromagnéticos do sul do cráton do São Francisco: novos modelos crustais e litosféricos.

Luís Gustavo conversou com o Informe CPRM sobre metas de sua gestão à frente da DISEGE. “Nosso foco será gerar informações relevantes por meio da interpretação geofísico-geológico que possibilitem novas descobertas no setor mineral; além de auxiliar no trabalho de mapeamento geológico.” Outra meta segundo ele, será revitalizar a área de geofísica terrestre na empresa.

Sobre a incorporação das atividades de sensoriamento remoto pela DISEGE, o geofísico explica que apesar de possuírem características de aquisição diferentes, a geofísica e o sensoriamento remoto tem em comum a utilização de sensores para a aquisição de dados remotamente. “Ao longo do ano desenvolveremos um projeto piloto que integrará dados aerogeofísicos, hiperespectrais e de radar a fim de elaborar um novo produto que possa acrescentar novas informações em áreas de relevante interesse mineral”, adianta Luís Gustavo.

De acordo com ele, mapas de integração geofísico-geológico que estão sendo elaborados pela CPRM para “identificar novos alvos”. Ele destaca ainda que os avanços tecnológicos na área de geofísica podem ajudar a alavancar o conhecimento do potencial mineral do Brasil. “A geofísica tem papel fundamental à medida que as novas descobertas relevantes devem-se estar relacionadas a áreas inóspitas da Amazônia. E nos locais de exploração já conhecidos, as novas reservas devem estar a maiores profundidades”, explica o geofísico.

Confira a abaixo a entrevista na íntegra

Informe - Após desenvolver um intenso programa de aquisição de dados aerogeofísicos qual vai ser o foco da Divisão?

Luiz Gustavo - Realmente, nos últimos 12 anos foi realizado um excelente e árduo trabalho de aquisição de dados aerogeofísicos (magnetométricos e gamaespectrométricos) com espaçamento entre as linhas de voo de 500m. Cerca de 95% do embasamento cristalino do Brasil foi coberto com estes levantamentos. O foco agora será em gerar informações relevantes por meio da interpretação geofísico-geológico que possibilitem novas descobertas no setor mineral e também auxiliem no trabalho de mapeamento geológico. Outro foco nosso está voltado para a aquisição de geofísica terrestre, nos últimos cinco anos diversos equipamentos foram comprados possibilitando assim, a revitalização desta área dentro da empresa.   

Informe - Quais os projetos relevantes serão desenvolvidos nos próximos anos?

Luiz Gustavo - Referindo-se à parte técnica, a principal atividade será atender as demandas relacionadas à atividade de geofísica existente dentro dos projetos do PAT 2015. Estas demandas deverão ser atendidas dentro dos prazos estipulados sem prejudicar a qualidade dos resultados. As principais demandas serão a confecção de mapas de integração geofísico-geológico e a aquisição de dados geofísicos terrestres nas diversas metodologias. Pretendemos ainda construir um sistema de banco de dados, tanto aerogeofísicos quanto de geofísica terrestre mais centralizado e automatizado.

Informe - Quantos profissionais fazem parte da sua equipe?

Luiz Gustavo - Atualmente contamos com cerca de 50 profissionais. Destes, aproximadamente 85% ingressaram na CPRM nos dois últimos concursos. Os profissionais que atuam na DISEGE possuem diferentes formações acadêmicas: geólogos, geofísicos ou engenheiros de minas. Para integrar melhor essas distintas formações acadêmicas e adequar à atividade de acordo com a competência de cada um, foi realizada em 2014, uma capacitação para os mais recentes contratados a fim de uniformizar o nível de conhecimento de todos. Concluída esta etapa, a equipe tornou-se mais versátil para atuar, nos diversos ramos das atividades da geofísica.

Informe - A Divisão vai incorporar as atividades relacionadas a sensores remotos? Explique um pouco como será essa incorporação? 

Luiz Gustavo - Sim, a DISEGE incorporará as atividades de sensoriamento remoto, que continuará sob coordenação da Mônica Perrotta. Apesar de possuírem características de aquisição diferentes, a geofísica e o sensoriamento remoto tem em comum a utilização de sensores para a aquisição de dados remotamente. Ao longo do ano desenvolveremos um projeto piloto que integrará dados aerogeofísicos, hiperespectrais e de radar a fim de elaborar um novo produto que possa acrescentar novas informações em áreas de relevante interesse mineral.

Informe - A CPRM vai continuar adquirindo novos dados de aerolevantamento?

Luiz Gustavo – Esse trabalho continua sim. Para este ano o número de aerolevantamentos será menor, deveremos apenas continuar os projetos ainda não finalizados em 2014. Futuramente continuarão sendo realizados aerolevantamentos, porém agora mais voltados para os métodos gravimétrico e eletromagnético.

Informe - Em que parte do território serão realizados esses trabalhos? 

Luiz Gustavo – Ainda não existe um local específico para a realização destes novos levantamentos, porém devem ser realizados em locais de relevante interesse mineral e com dificuldade de acesso terrestre.

Informe - Qual a importância dos mapas de integração geofísico-geológico que estão sendo elaborados com informações dos aerolevantamentos realizados nos últimos anos? 

Luiz Gustavo- Estes mapas serão fundamentais para os novos projetos que serão desenvolvidos pela DGM, dentre os vários fatores, cito três: identificar novos alvos ou estruturas desconhecidas; integrar a equipe de geólogos e geofísicos envolvidos no projeto; otimizar custos e tempo de projetos, pois este produto auxiliará no planejamento das etapas de campo dos geólogos.

Informe - Como os avanços tecnológicos na área de geofísica podem ajudar a alavancar o conhecimento do potencial mineral do Brasil?

Luiz Gustavo - Grande parte do potencial mineral do Brasil aflorante já é conhecida.  A geofísica tem papel fundamental à medida que as novas descobertas relevantes devem-se estar relacionadas a áreas inóspitas da Amazônia. E nos locais de exploração já conhecidos, as novas reservas devem estar a maiores profundidades. O avanço tecnológico com sensores mais sensíveis e cada vez menores proporciona a utilização destes de maneira mais ágil, fácil e com custos cada vez menores o que proporcionará esse avanço no potencial mineral do Brasil.