O Serviço Geológico do Brasil (CPRM) divulgou boletim que indica processo de enchente acentuada nos principais rios da Amazônia Ocidental. É o caso do rio Madeira. Em Porto Velho, nos últimos 30 dias, foram observadas precipitações acima da média para o período, e o rio atingiu um nível próximo à cota de alerta, chegando a 14,65 m. A cota de alerta é 15,00 m e a cota de inundação é 17,00 m na capital de Rondônia.
O engenheiro hidrólogo Marcus Suassuna alerta para os possíveis efeitos das chuvas acima do normal esperadas na região no início da próxima semana. A preocupação é que se repita o evento de 2014, quando a cheia do rio Madeira em Rondônia inundou parte da BR-364 e levou o Estado do Acre ao isolamento. “Os níveis em Porto Velho estão próximos ao da cheia histórica de 2014. Nesse mesmo dia naquele ano o rio Madeira estava na cota 15,20 metros e hoje está na cota 14,65 metros. Em Morada-Nova e Abunã, os níveis são os máximos históricos. Portanto, o cenário merece atenção”, afirmou.
Segundo o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), o prognóstico para a próxima semana (até o dia 30/01) indica precipitações elevadas posicionadas principalmente sobre as bacias ao sul da Amazônia Ocidental. “A configuração meteorológica também é parecida com a de 2014: uma alta pressão no centro-sul do Brasil, impedindo o avanço de umidade da Amazônia para essa região. Consequentemente, as chuvas acabam ficando retidas e caem com intensidade sobre a Amazônia. Além disso, existe previsão de muitas chuvas a partir da próxima semana na Bolívia”, explicou.
Além do rio Madeira, outros rios que formam a bacia ocidental da Amazônia, estão em processo de enchente acentuada, conforme explica a engenheira hidróloga Luna Alves. Os rios Solimões e Amazonas também estão com cotas altas para o período nas estações monitoradas. O mesmo para o rio Purus, que já subiu mais do que o esperado para o período. Nas bacias dos rios Branco e Negro, por outro lado, os rios apresentam níveis dentro da normalidade, exceto para a estação localizada no Porto de Manaus, que apresenta níveis acima dos esperados para o período. Apesar de ser banhada pelo rio Negro, a proximidade com que Manaus se encontra do rio Solimões faz com que o nível do Negro na cidade seja altamente influenciado pelo nível do rio Solimões.
No comparativo dos níveis que os rios apresentavam no mês de janeiro nos anos de cheias históricas com os níveis atuais, destacam-se a elevação do rio Acre em Rio Branco, do rio Negro em Manaus e o rio Solimões em Tabatinga.
Apesar das cotas altas para o atual período do ano no Solimões e no Negro em Manaus, ainda é cedo para se afirmar a respeito de um grande evento de cheia nesse ano nesses rios, segundo a pesquisadora. Nessas regiões, as enchentes costumam ocorrer anualmente entre maio e julho e, portanto, vão depender das chuvas que vão ocorrer a partir de março em toda a bacia.
Conforme o coordenador dos Sistemas de Alerta Hidrológico da CPRM, o engenheiro hidrólogo Artur Matos, as chuvas que vão ocorrer devem influenciar no médio prazo nos níveis dos rios que já estão acima da média no momento. “O impacto vai depender de cada bacia, uma são menores e mais rápidas no processo de cheia e outras maiores e mais lentas”, explicou.
Os dados hidrológicos utilizados são provenientes da Rede Hidrometeorológica Nacional de responsabilidade da Agência Nacional de Águas (ANA), operada pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM) e demais parceiros. As previsões realizadas pelos engenheiros da CPRM são baseadas em modelos hidrológicos e estão sujeitas às incertezas inerentes aos mesmos.
SITUAÇÃO ATUAL DOS RIOS:
Bacia do rio Negro: No alto rio Negro, o rio tem apresentado variações de nível de forma regular, ao longo de seu processo de vazante. No Porto de Manaus, o rio encontra-se em processo de enchente, apresentando cotas altas para o período. Em média, o rio subiu 6 cm por dia na última semana.
Bacia do rio Solimões: O rio Solimões encontra-se em processo de enchente, apresentando cotas expressivamente altas para o atual período do ano nas estações monitoradas. Em Tabatinga, o rio apresentou redução de nível na última semana, com cotas dentro da normalidade para o período.
Bacia do rio Purus: Na região do alto rio Purus, na estação de Rio Branco (Acre), o rio subiu expressivamente nos últimos dias, subindo 412 cm na última semana, com cotas altas para o período. Na estação de Beruri, próxima a foz do Purus, o processo de enchente apresenta cotas altas para o atual período do ano. Após a cheia observada entre os dias 17 e 21/01, o rio Acre em Rio Branco segue tendência contínua de redução de seus níveis. O monitoramento das chuvas irá indicar se há possiblidade de cheias nas próximas semanas.
Bacia do rio Madeira: Em Humaitá, o rio Madeira encontra-se em processo de enchente, apresentando cotas expressivamente altas para o período, próximas às máximas observadas para o atual período do ano. O rio Madeira em Porto Velho está com níveis elevados para esta época do ano. Combinado com o panorama atmosférico, essa configuração sugere atenção. Os rios Mamoré e Guaporé também apresentam níveis elevados, porém o ritmo de subida nessas localidades é mais lento do que na calha do Madeira.
Bacia do rio Amazonas: No rio Amazonas, o processo de enchente também apresenta cotas altas para o período em todas as estações monitoradas.
Mais informações no Boletim de Monitoramento Hidrometeorológico da Amazônia Ocidental clique aqui
Gráfico aponta nível do rio Negro acima da média histórica para o período em Manaus
Gráfico demonstra rio Madeira em Porto Velho próximo ao nível registrado em 2014, ano de cheia histórica
Janis Morais
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