terça-feira, setembro 4

CPRM publica relatório da climatologia e precipitação da bacia do rio Xingu

Gráfico com a precipitação média mensal na Bacia Hidrográfica do Rio Xingu (1977-2006)
O Serviço Geológico do Brasil (CPRM) publicou o relatório Climatologia da Precipitação na Bacia Hidrográfica do Rio Xingu. O informe compõe o projeto Sistema de Alerta Hidrológico na Bacia do Rio Xingu e tem como objetivo caracterizar a precipitação pluviométrica na bacia do Rio Xingu, por meio de entendimento básico da climatologia da precipitação da região buscando possibilitar uma estimativa da ocorrência de cheias e estiagens. O relatório está disponível no portal do Sistema de Alerta de Eventos Críticos (SACE) da CPRM.


De acordo com a engenheira hidróloga da CPRM, Andressa Azambuja, o relatório contribui com uma melhor compreensão dos processos que influenciam na precipitação e na sua variabilidade espacial e temporal e, por consequência, na vazão dos rios da bacia do Xingu. “Com isso, é possível avaliar disponibilidade hídrica da bacia, realizar estudos de previsões e de simulação de cenários hidrológicos e socioambientais, dentre outros”, destacou Andressa.

Segundo o responsável técnico pelo projeto Sistema de Alerta Hidrológico na Bacia do Rio Xingu, o engenheiro Regis Silva, a caracterização do regime pluviométrico da bacia auxilia principalmente nos preparativos para as ações de defesa civil. “Uma vez caracterizado que as chuvas ocorrem em um período bem definido, a preparação para os eventos de cheia se torna mais eficiente e objetiva. Além disso, conhecendo-se as oscilações quanto à ocorrência de El Niño e La Niña é possível ter uma estimativa quanto à ocorrência de cheias ou estiagens”, explicou.

Dados históricos e o regime de chuvas na bacia – Os dados históricos sobre as precipitações revelam que é na porção paraense (Médio e Baixo Xingu), que ocorrem os maiores valores de chuva mensal de toda a bacia durante a estação chuvosa que tem seu ápice no mês de março. Já o período com a menor média mensal é claramente identificado na bacia, sobretudo, na porção mato-grossense (Alto Xingu), como sendo o mês de julho.

Também foi observado que a variação da precipitação ao longo dos meses é caracterizada pela ocorrência de máximos durante os meses dezembro a março (Verão - Outono) e de mínimos nos meses junho, julho e agosto (Inverno). O início do período chuvoso na bacia se dá no mês de outubro, na porção entre Alto e Médio Xingu, e se desloca no sentido Sul-Norte até a região do Baixo Xingu, estacionando no mês de maio. Esta “marcha” da chuva na bacia do rio Xingu acontece devido à influência direta dos dois grandes sistemas meteorológicos ZCAS e ZCIT afetando, da mesma forma, o escoamento superficial do rio.

Influência do El Nino - No período de 2014 a 2016 foi observada uma diminuição na precipitação, sobretudo no ano de 2015, se comparado à média histórica, o que se pode atribuir ao fenômeno El Niño. Nos anos de 2015 e 2016 o El Niño foi de moderado a forte (índices 2.2 e 2.3) e, provavelmente vinculado ao Dipolo do Atlântico Intertropical, também um importante modulador do clima na Amazônia, pode explicar o motivo da diminuição da precipitação na bacia do Xingu neste período, ou seja, na bacia do Xingu o clima é influenciado pelos fenômenos que acontecem tanto no Oceano Pacifico como no Atlântico. Regis Silva afirma que, em 2015/2016, de fato “foram observadas vazões baixíssimas na bacia do Xingu, que prejudicaram inclusive as atividades de navegação, pesca, abastecimento e a geração hidrelétrica”.

Estimativa de cheia e estiagem- Na CPRM são realizadas estimativas de recorrência de chuvas intensas, por meio de uma análise estatística, em que se pode prever a frequência de ocorrência das chuvas máximas em certa localidade por meio do emprego das equações chamadas IDF que relacionam a intensidade, duração e a frequência de ocorrência de um evento em determinado período de retorno, usualmente calculado para períodos de retorno de 2 a 100 anos.

No caso da bacia do Xingu, existe uma relação IDF que é a do município de Porto de Moz (PA). Portanto, com base nas previsões emitidas por órgãos meteorológicos oficiais, seria possível estimar agora para Porto de Moz se a chuva prevista para o próximo verão estaria dentro da janela temporal (período de retorno) considerada para uma chuva de grande magnitude. Isto é, a previsão da magnitude de chuva vem de modelos meteorológicos, já o enquadramento desta chuva, quanto à sua recorrência, cabe à equação IDF.




Média anual de cada estação na Bacia Hidrográfica do rio Xingu

Janis Morais
Assessoria de Comunicação
Serviço Geológico do Brasil - CPRM
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