Os pesquisadores Henri Acselrad (UFRJ) e Paulo Vasconcelos (Queensland), no Museu do Amanhã |
A proposta de
formalizar o Antropoceno como uma época geológica foi tema de debate na última
terça-feira (21/08) como parte da programação paralela do 49º Congresso Brasileiro
de Geologia, realizada no Museu do Amanhã.
O pesquisador
Paulo Vasconcelos (Universidade de Queensland, Austrália), que comandou o
debate, falou sobre o tema para uma plateia formada em sua maioria por
estudantes de geologia.
Ele citou o
famoso artigo dos cientistas Paul J. Crutzen e Eugene F. Stoermer sobre o tema,
a expectativa que havia em 2016 de se oficializar o Antropoceno como uma nova
época e a decisão de se buscar novos estudos para voltar ao debate no Congresso
Geológico Internacional de 2020, na Índia (36º IGC).
“O ser humano
virou uma força geológica ou não?”, disse Vasconcelos ao citar uma das
principais questões a serem respondidas. Ou seja, as ações do homem sobre o
meio ambiente foram ou são suficientes para que tenha sido iniciada uma nova
época geológica?
“A vida, de
certa maneira, fez a Terra virar o que ela é, fez da Terra um lugar melhor para
se viver. O homem talvez seja o primeiro ser a inverter essa relação”, afirmou o
pesquisador.
Outra questão
é o marco histórico para o início dessa época, com propostas que vão desde o
início do desenvolvimento da agricultura pelo homem ou da revolução industrial
do século 18 até o registro dos efeitos das primeiras bombas atômicas sobre o
ambiente, em meados do século 20.
Paulo
Vasconcelos também provocou a plateia ao questionar se não seria um sinal de
“arrogância” do ser humano considerar que o seu breve período de existência em
relação à história da Terra, até o momento, seria algo tão relevante e deixaria
marcas duradouras diante da possibilidade, por exemplo, de um evento externo
que levasse à sua extinção.
O físico
Heitor Evangelista da Silva (Departamento de Biofísica e Biometria da UERJ) fez
uma apresentação sobre clima e destacou que não é possível explicar as
variações de temperatura no planeta a partir da década de 1970 sem considerar
os impactos da ação humana.
Também
participaram do debate Henri Acselrad (Instituto de Pesquisa e Planejamento
Urbano e Regional/UFRJ), que falou sobre os aspectos sociológicos da questão, e
Claudia Gutterres Vilela, especialista em microbiologia do Instituto de
Geociências da UFRJ, apresentou trabalho de coleta de amostras na Baía de
Guanabara (RJ) que mostram evidências da ação humana desde o início da
colonização europeia na região.
A programação
paralela também inclui a exposição “Explorando o Planeta”, do Museu de Ciências
da Terra.
Os pesquisadores Claudia Gutterres Vilela (UFRJ) e Heitor Evangelista da Silva (UERJ) |
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