segunda-feira, agosto 31

Conferência debate preservação ambiental e uso da água na América Latina

O geólogo Irineu Capeletti na palestra de abertura da 4ª LatAm
Com a participação do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), ocorreu, nos dias 26 e 27 de agosto, em Belo Horizonte, a 4ª Edição da Conferência Latinoamericana de Água de Minas (4th Latin American Mine Water Conference 2015 - LatAm). A conferência é uma iniciativa voltada para discutir os impactos dos riscos e  a aplicação de tecnologias no uso da água na mineração na América Latina e a busca da conscientização da importância de uma boa gestão ambiental visando preservar um recurso cada vez mais considerado escasso no mundo.

A palestra de abertura da 4ª LatAm coube ao geólogo e assessor da Presidência da CPRM, Irineu Capeletti, responsável por um dos projetos mais importantes voltados para a recuperação de uma área degradada pela mineração no Brasil: “Recuperação ambiental de áreas degradadas pela extração de carvão mineral a céu aberto e em minas subterrâneas no Estado de Santa Catarina”.

Em sua apresentação, Capeletti mostrou o processo de recuperação ambiental da Bacia Carbonífera em áreas de responsabilidade da União Federal e que pertenciam às empresas Treviso e CBCA num total de 1.130.53 hectares, e abordou a contaminação dos recursos hídricos na região por drenagem ácida de mina, demonstrando os resultados alcançados com a transformação de uma área de 42 hectares plenamente recuperada.

Segundo Capeletti, o processo partiu de uma setença judicial que obriga a União a recuperar áreas degradadas pela exploração de carvão mineral em Santa Catarina. Assim, por determinação do Ministério de Minas e Energia, a CPRM foi encarregada de recuperar as áreas localizadas na região do município de Criciúma, trabalho acompanhado pelo Ministério Público Federal, cujos custos para a recuperação das áreas, com prazo estimado até 2020, estão orçados em cerca de R$ 350 milhões. Esses recursos são usados em obras de engenharia, terraplenagem, drenagem, isolamento de rejeitos, reflorestamento com plantio de espécies nativas de Mata Atlântica e neutralização de águas ácidas.

Área Belluno recuperada e em plena evolução
Até o momento já foram recuperados 42 hectares de uma área denominada Belluno, próximo à cidade de Siderópolis. A segunda área, chamada Ex-Patrimônio, de 26 hectares, está sendo recuperada. Outra área, de 118 hectares, chamada Rio Pio, próxima à cidade de Treviso, está no início do processo de recuperação. As áreas recuperadas serão monitoradas pela CPRM pelo prazo de cinco anos, para evitar a degradação ou ocupações irregulares do solo.

Capeletti explicou que na primeira área recuperada, Belluno,  iniciada em 2013 e já concluída, foi feito isolamento do material contaminante chamado estéril, de restos de material carbonoso e realizadas obras de engenharia civil, como canais de drenagem de água de chuva. Em Belluno, também realizou-se uma experiência inovativa em dois hectares, onde, em vez de aplicar os insumos turfa e cama de aviário para a reconstituição do solo orgânico, subistituiu-se por um componente orgânico líquido, chamado BIOHC. Os resultados foram muito bons com a vantagem da redução dos custos em 40% em relação aos insumos turfa e cama de aviário.

Após a apresentação de abertura, seguiram-se várias palestras de representantes de instituições e empresas brasileiras e latino-americanas (Chile, Peru, México), que discutiram, dentre outras, as questões atuais sobre o uso sustentável da água na mineração; bem como alterações normativas para o reuso de água na América Latina; as visões governamentais sobre o assunto; as novas práticas adotadas nas indústrias de mineração para a gestão sustentável da água; água, mineração e comunidades: uma abordagem para a gestão compartilhada da água; práticas sustentáveis de gestão da água para o encerramento da mina; soluções avançadas e de baixo custo para a gestão da qualidade de águas subterrâneas; e redução do impacto ambiental de água produzida na mineração.


Além de Irineu Capeletti, o evento também contou com a participação dos seguintes pesquisadores da CPRM: André Invernizzi, do Centro de Desenvolvimento Tecnológico (CEDES), CPRM/Rio de Janeiro; Albert Cardoso, da Superintendência Regional de Goiânia; Marlon Hoelzel, da Superintendência Regional de Porto Alegre; e Alice Castilho, Magda Pinto e Lúcio Martins, da Superintendência Regional de Belo Horizonte.