O ministro na sala de situação do
Cemaden / Foto: Alex Silva
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O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação,
Aloizio Mercadante, visitou o Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres
Naturais (Cemaden/MCTI), em Cachoeira Paulista (SP), ontem (16/1). Ele e os
demais presentes puderam conhecer a nova sala de situação, onde são recebidas e
analisadas informações e imagens de diversas fontes de sensoriamento.
O diretor-presidente do Serviço Geológico do Brasil
(CPRM), Manoel Barretto, o superintendente da Regional de São Paulo (SUREG
-SP), José Carlos Garcia Ferreira, o secretário de Políticas e Programas de
Pesquisa e Desenvolvimento do MCTI, Carlos Nobre, o diretor do Cemaden,
Reinhardt Fuck, e uma representante do Movimento Nacional dos Afetados por
Desastres, Tatiana Reichert participaram do evento.
“O governo está muito mobilizado em torno dessa
questão e há um reconhecimento muito grande de prefeitos e governos quanto à
qualidade do trabalho da previsão que estamos fazendo”, disse o ministro
Mercadante, em seu pronunciamento. “O Cemaden tem sido muito útil para orientar
a defesa civil.” O centro fica no campus do Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (Inpe/MCTI) e opera em tempo integral desde dezembro.
Um hidrólogo mostrou as etapas do monitoramento aos
visitantes. Eles conheceram, ainda, a central móvel para uso em áreas críticas.
Conforme explicado pelo ministro, o equipamento permite tirar fotografias, analisar
as condições do solo e conectar 14 computadores, além de contar com banda larga
e dispositivos para comunicação visual e por voz.
Mercadante informou que, embora neste momento o
foco principal esteja no Sul-Sudeste por causa das chuvas deste período, a
cobertura de radar abrange todo o país. “Tivemos na semana passada uma grande
inundação em Rio Branco, e isso foi monitorado e alertado”, exemplificou.
“Daqui a pouco deslocaremos toda a nossa capacidade de observação para o leste
do Nordeste.”
Avanços e próximos passos
O ministro contou que, no início do funcionamento
do sistema, chegou a telefonar diretamente para governadores ou prefeitos em
situações preocupantes que exigiam rápida intervenção. Agora, disse, os estados
e municípios estão mais integrados ao sistema: “Hoje, temos centro de
monitoramento lá no Espírito Santo, no Rio de Janeiro e em Minas Gerais,
trabalhando de forma integrada”.
Ele identificou prioridades para o aperfeiçoamento
do sistema de alertas: avançar no levantamento geotécnico, a partir do trabalho
de campo dos geólogos, para detalhamento das áreas de risco; preparar a defesa
civil e as comunidades para identificar sinais de desastre iminente; e aumentar
a capacidade de previsão com a instalação de novos pluviômetros. Ressaltou,
ainda, que em certos locais será inevitável desalojar os moradores para evitar
mortes.
Tatiana Reichert, do Movimento Nacional dos
Afetados por Desastres, comentou que o Cemaden “com certeza vai salvar vidas”.
“É um sistema completo na área de previsão, do alerta, mas é o primeiro passo”,
disse. “A previsão por si só não é prevenção, mas é de grande importância.” Ela
avaliou que os alertas emitidos não podem ficar restritos à defesa civil: “A
informação precisa chegar à ponta, que é a sociedade”.
Aloizio Mercadante destacou a construção do centro
como “uma obra de muitas mãos” com envolvimento de especialistas que dedicaram
a vida toda ao assunto. Homenageou em especial o secretário Carlos Nobre, por
seu empenho para inserir o tema na agenda pública nacional.
Lembrou, também, que nenhum país conseguiu eliminar
totalmente os impactos de desastres naturais. “O que nós podemos fazer é criar
uma cultura de prevenção, utilizar a ciência e a inteligência para salvar
vidas, como já estamos salvando”, concluiu.