sexta-feira, agosto 24

Pesquisador Paulo Vasconcelos fala sobre conceito do Antropoceno no Museu do Amanhã


Os pesquisadores Henri Acselrad (UFRJ) e Paulo Vasconcelos (Queensland), no Museu do Amanhã
A proposta de formalizar o Antropoceno como uma época geológica foi tema de debate na última terça-feira (21/08) como parte da programação paralela do 49º Congresso Brasileiro de Geologia, realizada no Museu do Amanhã.

O pesquisador Paulo Vasconcelos (Universidade de Queensland, Austrália), que comandou o debate, falou sobre o tema para uma plateia formada em sua maioria por estudantes de geologia.

Ele citou o famoso artigo dos cientistas Paul J. Crutzen e Eugene F. Stoermer sobre o tema, a expectativa que havia em 2016 de se oficializar o Antropoceno como uma nova época e a decisão de se buscar novos estudos para voltar ao debate no Congresso Geológico Internacional de 2020, na Índia (36º IGC).

“O ser humano virou uma força geológica ou não?”, disse Vasconcelos ao citar uma das principais questões a serem respondidas. Ou seja, as ações do homem sobre o meio ambiente foram ou são suficientes para que tenha sido iniciada uma nova época geológica?

“A vida, de certa maneira, fez a Terra virar o que ela é, fez da Terra um lugar melhor para se viver. O homem talvez seja o primeiro ser a inverter essa relação”, afirmou o pesquisador.

Outra questão é o marco histórico para o início dessa época, com propostas que vão desde o início do desenvolvimento da agricultura pelo homem ou da revolução industrial do século 18 até o registro dos efeitos das primeiras bombas atômicas sobre o ambiente, em meados do século 20.

Paulo Vasconcelos também provocou a plateia ao questionar se não seria um sinal de “arrogância” do ser humano considerar que o seu breve período de existência em relação à história da Terra, até o momento, seria algo tão relevante e deixaria marcas duradouras diante da possibilidade, por exemplo, de um evento externo que levasse à sua extinção.

O físico Heitor Evangelista da Silva (Departamento de Biofísica e Biometria da UERJ) fez uma apresentação sobre clima e destacou que não é possível explicar as variações de temperatura no planeta a partir da década de 1970 sem considerar os impactos da ação humana.

Também participaram do debate Henri Acselrad (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional/UFRJ), que falou sobre os aspectos sociológicos da questão, e Claudia Gutterres Vilela, especialista em microbiologia do Instituto de Geociências da UFRJ, apresentou trabalho de coleta de amostras na Baía de Guanabara (RJ) que mostram evidências da ação humana desde o início da colonização europeia na região.

A programação paralela também inclui a exposição “Explorando o Planeta”, do Museu de Ciências da Terra.

Os pesquisadores Claudia Gutterres Vilela (UFRJ) e Heitor Evangelista da Silva (UERJ)
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