terça-feira, agosto 21

Busca pela datação das rochas e minerais impulsiona área de Geocronologia e Geoquímica Isotópica na CPRM


Luiz Carlos Silva faz abertura da Sessão Temática Geocronologia e Geoquímica Isotópica
no 49º Congresso Brasileiro de Geologia
Saber com precisão a idade de uma rocha permite uma viagem no tempo com inferência a antigas eras da formação do planeta que representa o dia a dia do geólogo e outros pesquisadores em geociências. Esta é tarefa da geocronologia, ramo das geociências que calcula a idade de formação das rochas e minerais, em associação com a litogeoquímica e geologia isotópica.

O geólogo da CPRM Luiz Carlos da Silva atua na área de geocronologia aplicada à cartografia regional e é um dos coordenadores da Sessão Temática referente ao tema, no 49º Congresso Brasileiro de Geologia. Na entrevista abaixo, ele explica que a geocronologia e geoquímica isotópica são ferramentas indispensáveis para a obtenção das idades de formação e de retrabalhamento das formações geológicas e depósitos minerais, que são rotineiramente mapeados em todo o território nacional pelo Serviço Geológico do Brasil.

Como é a atuação da CPRM em relação às pesquisas dentro da temática geocronologia e geoquímica isotópica em andamento e que estão sendo apresentadas no 49º Congresso Brasileiro de Geologia?
A CPRM, especialmente a partir das duas últimas décadas, com a intensificação de trabalhos de cooperação com as principais universidades brasileiras e do exterior, acelerou seus esforços para formação de um quadro de doutores em geocronologia e geologia isotópica capacitando dezenas de mestres e doutores, com distintos graus de habilitação em geocronologia, qualificando a nossa produção cartográfica e o entendimento da evolução geológica nacional. Na Seção Temática de Geocronologia e Geologia Isotópica, como em todas as demais, todos os trabalhos aprovados sejam da CPRM sejam das demais instituições, passaram por uma avaliação criteriosa, sendo selecionados apenas aqueles com qualidade necessária para serem disponibilizados ao público no Congresso.

Como é a estrutura hoje no país disponível para os pesquisadores da área de geocronologia e geoquímica isotópica? Fale um pouco em relação a laboratórios, tecnologia e investimentos disponíveis no país.
A estrutura disponível hoje no país para pesquisas geocronológicas no país atende uma parte razoável da demanda nacional. Além disso, ocorreu intenso intercâmbio com os principais laboratórios e universidades internacionais para atender essa demanda. No caso específico da CPRM, o início da estruturação interna das atividades geocronológicas como rotina de apoio aos projetos internos em 2003, quando o professor e grande pesquisador brasileiro, Dr. Marcio Martins Pimentel (*) da UnB foi convidado para assessorar a DGM na implantação dessas atividades. Embora sua passagem pela nossa instituição tenha sido muito curta, com seu retorno à Universidade ao final de 2003, o professor Marcio deixou implantada a Coordenação Nacional de Geocronologia da DGM, que passou a coordenar internamente essas atividades, até a recente implantação da Divisão de Geodinâmica (DIGEOD), dotada de recursos laboratoriais e humanos indispensáveis para um grande salto futuro nessas atividades.

Quais os principais desafios nesta área e o que esperar para o futuro em relação a novas pesquisas e possíveis descobertas? Destaque os principais temas de interesse?
Muitos são os desafios na área de geocronologia e geologia isotópica, em nosso país de dimensões continentais, cuja defasagem em termos de produção analítica de ponta foi minorada apenas ao final da primeira década do século 21. Porém, mesmo com o crescimento da capacidade laboratorial mais lento desde então, ainda tivemos nos últimos anos a introdução e funcionamento de novos equipamentos, especialmente na UFOP, UERJ, UNICAMP, UNESP e, mais recentemente, da CPRM.
(*) Durante a sessão, a coordenação da Sessão Temática Geocronologia e Geologia Isotópica registrou seu pesar pelo trágico falecimento do Professor Marcio Pimentel, o qual que fazia parte da comissão, e que mesmo já acometido de grave doença, conseguiu mandar a sua cota para avaliação.

Luiz Carlos da Silva, Graduado em Geologia (UFRGS 1971), Mestrado (UnB 1991), Doutorado (UFRGS & na University of Western Australia - UWA 1999), Pós-Doc (Australian National University-ANU, 2002 e 2010). Desde 1973 é pesquisador do Serviço Geológico do Brasil SGB/CPRM, atuando nas áreas de petrologia, e geocronologia aplicada à cartografia regional no Brasil. Em 1997 introduziu no SGB a técnica SHRIMP e suas aplicações ao conhecimento da evolução geotectônica do Pré-Cambriano Brasileiro. Desde 1994 tem trabalhado em colaboração com pesquisadores de diversas instituições em áreas de interesse do SGB, especialmente: UFRGS, Unb, UFMG, UERJ, CNPq/CAPES, UWA & ANU (AU), além do Serviço Geológico da África do Sul.

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