Luiz
Carlos Silva faz abertura da Sessão Temática Geocronologia e Geoquímica
Isotópica no 49º Congresso Brasileiro de Geologia |
Saber com precisão a idade
de uma rocha permite uma viagem no tempo com inferência a antigas eras da
formação do planeta que representa o dia a dia do geólogo e outros
pesquisadores em geociências. Esta é tarefa da geocronologia, ramo das
geociências que calcula a idade de formação das rochas e minerais, em
associação com a litogeoquímica e geologia isotópica.
O geólogo da CPRM Luiz
Carlos da Silva atua na área de geocronologia aplicada à cartografia regional e
é um dos coordenadores da Sessão Temática referente ao tema, no 49º Congresso
Brasileiro de Geologia. Na entrevista abaixo, ele explica que a geocronologia e
geoquímica isotópica são ferramentas indispensáveis para a obtenção das idades
de formação e de retrabalhamento das formações geológicas e depósitos minerais,
que são rotineiramente mapeados em todo o território nacional pelo Serviço
Geológico do Brasil.
Como
é a atuação da CPRM em relação às pesquisas dentro da temática geocronologia e
geoquímica isotópica em andamento e que estão sendo apresentadas no 49º
Congresso Brasileiro de Geologia?
A CPRM, especialmente a
partir das duas últimas décadas, com a intensificação de trabalhos de
cooperação com as principais universidades brasileiras e do exterior, acelerou
seus esforços para formação de um quadro de doutores em geocronologia e
geologia isotópica capacitando dezenas de mestres e doutores, com distintos
graus de habilitação em geocronologia, qualificando a nossa produção
cartográfica e o entendimento da evolução geológica nacional. Na Seção Temática
de Geocronologia e Geologia Isotópica, como em todas as demais, todos os
trabalhos aprovados sejam da CPRM sejam das demais instituições, passaram por
uma avaliação criteriosa, sendo selecionados apenas aqueles com qualidade
necessária para serem disponibilizados ao público no Congresso.
Como
é a estrutura hoje no país disponível para os pesquisadores da área de
geocronologia e geoquímica isotópica? Fale um pouco em relação a laboratórios,
tecnologia e investimentos disponíveis no país.
A estrutura disponível hoje
no país para pesquisas geocronológicas no país atende uma parte razoável da
demanda nacional. Além disso, ocorreu intenso intercâmbio com os principais
laboratórios e universidades internacionais para atender essa demanda. No caso
específico da CPRM, o início da estruturação interna das atividades
geocronológicas como rotina de apoio aos projetos internos em 2003, quando o professor
e grande pesquisador brasileiro, Dr. Marcio Martins Pimentel (*) da UnB foi
convidado para assessorar a DGM na implantação dessas atividades. Embora sua
passagem pela nossa instituição tenha sido muito curta, com seu retorno à
Universidade ao final de 2003, o professor Marcio deixou implantada a
Coordenação Nacional de Geocronologia da DGM, que passou a coordenar
internamente essas atividades, até a recente implantação da Divisão de
Geodinâmica (DIGEOD), dotada de recursos laboratoriais e humanos indispensáveis
para um grande salto futuro nessas atividades.
Quais
os principais desafios nesta área e o que esperar para o futuro em relação a
novas pesquisas e possíveis descobertas? Destaque os principais temas de
interesse?
Muitos são os desafios na área
de geocronologia e geologia isotópica, em nosso país de dimensões continentais,
cuja defasagem em termos de produção analítica de ponta foi minorada apenas ao
final da primeira década do século 21. Porém, mesmo com o crescimento da
capacidade laboratorial mais lento desde então, ainda tivemos nos últimos anos a introdução e funcionamento de novos
equipamentos, especialmente na UFOP, UERJ, UNICAMP, UNESP e, mais recentemente,
da CPRM.
(*)
Durante
a sessão, a coordenação da Sessão Temática Geocronologia e Geologia Isotópica
registrou seu pesar pelo trágico falecimento do Professor Marcio Pimentel, o
qual que fazia parte da comissão, e que mesmo já acometido de grave doença,
conseguiu mandar a sua cota para avaliação.
Luiz
Carlos da Silva, Graduado em Geologia (UFRGS 1971), Mestrado
(UnB 1991), Doutorado (UFRGS & na University of Western Australia - UWA
1999), Pós-Doc (Australian National University-ANU, 2002 e 2010). Desde 1973 é
pesquisador do Serviço Geológico do Brasil SGB/CPRM, atuando nas áreas de petrologia,
e geocronologia aplicada à cartografia regional no Brasil. Em 1997 introduziu
no SGB a técnica SHRIMP e suas aplicações ao conhecimento da evolução
geotectônica do Pré-Cambriano Brasileiro. Desde 1994 tem trabalhado em
colaboração com pesquisadores de diversas instituições em áreas de interesse do
SGB, especialmente: UFRGS, Unb, UFMG, UERJ, CNPq/CAPES, UWA & ANU (AU),
além do Serviço Geológico da África do Sul.
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