O Serviço Geológico do Brasil
(CPRM) sediou, entre os dias 16 e 18 de outubro, na Superintendência Regional
de Porto Alegre, o curso Drenagem Ácida de Mina, organizado em parceria com o
Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) e ministrado pelo especialista
em recursos minerais do DNPM/RS Luis Carlos Zancan Filho. O curso tem o
objetivo de capacitar gestores públicos de órgãos que trabalham com mineração e
passivos ambientais para entender como se forma a drenagem ácida de mina e
sobre as melhores técnicas de manuseio, tratamento, controle, visando promover
melhor compreensão sobre o processo de recuperação de áreas degradadas. O curso
teve como público procuradores e técnicos Advocacia Geral da União (AGU),
técnicos do Ministério Público Federal (MPF), técnicos da Fepam, do Ibama,
Ministério de Minas e Energia e técnicos da CPRM e DNPM.
Turma do curso de drenagem
ácida de mina
|
De acordo com Luis Carlos
Zancan Filho, a drenagem ácida de mina é um dos mais graves impactos ambientais
associados à atividade de mineração, sendo gerada quando minerais sulfetados
presentes em resíduos de mineração são oxidados em presença de água. No
processo, o PH da água é reduzido, tornando-se ácido e liberando vários metais,
que podem se bioacumular e se biotransformar prejudicando os ecossistemas
locais. “O curso traz uma visão de quanto sai para recuperar esses passivos,
como se faz para evitar esses passivos e o que pode ser feito para tentar
remediar o que a mineração deixou para trás”, explicou.
Em Santa Catarina, a CPRM
executa a recuperação ambiental de 1,2 mil hectares de áreas de
responsabilidade da União degradadas pela exploração do carvão e o
monitoramento dos recursos hídricos nestas áreas de recuperação ambiental na
bacia carbonífera. Sobre isso, Zancan reforça que o maior problema em se
tratando de drenagem ácida de mina hoje é a bacia carbonífera de SC, embora
esteja presente, sendo bem mais controlada, nas minas de carvão no RS e no PR e
em minas de sulfetos metálicos como cobre e chumbo. “Esses passivos existem, no
caso de Santa Catarina ficou um passivo muito grande, inclusive a CPRM executa
a recuperação ambiental e integra grupo interministerial de trabalho que
procura sanar esses passivos deixadas por minas órfãs, por meio do seu corpo
técnico capacitado e investindo recursos para que os processos de recuperação
ambiental utilizem a melhor técnica possível”, avaliou.
Por fim, alerta que o risco ambiental
de gerar drenagem ácida de mina depende de diversos fatores, como tipo de
minério, tipo de sulfeto, quantidade de água utilizada e método de lavra. No
entanto, evitar que as superfícies de rejeitos que contém minerais sulfetados
fiquem expostas a condições oxidantes em presença de água é fundamental para a
prevenção e minimização da drenagem ácida de mina. “Existem tecnologias limpas,
a questão é o custo para emprego dessa tecnologia, que pode tornar inviável a
operação. Esse cuidado é que será o fator crucial no impacto ambiental que a
mineração vai gerar”, finalizou.
Luis Carlos Zancan Filho do
DNPM ministra curso na CPRM
|
Atividade de campo na Estação de tratamento em Butiá |
Atividade de campo em mina de
carvão
|