Ministro Celso Pansera e pesquisador do Inpe, Paulo Nobre,
explicam influência do El Niño sobre o clima
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O fenômeno El Niño deve influenciar o clima no Brasil nos próximos três
meses. Isso significa aumento do volume e da intensidade das chuvas na região
Sul, redução do volume de chuvas nas regiões Norte e Nordeste, e temperaturas
mais altas do que a média histórica em praticamente todo o País até abril. A
conclusão é do Grupo de Trabalho em Previsão Climática Sazonal (GTPCS) do
Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), que realizou a primeira
reunião do ano na terça-feira (19/1), em Brasília. O ministro Celso Pansera
participou da abertura e do encerramento da reunião técnica na sede do Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O
diretor-presidente do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), Manoel Baretto, participou da reunião
do Grupo de Trabalho.
O Grupo de Previsão Climática se refere ao fenômeno como "mega El
Niño". Segundo os especialistas, depois de quase 20 anos o El Niño atinge
novamente o Brasil. Embora tenha perdido força, há 95% de chance de continuar
atuante até abril. "Estamos vivendo um El Niño muito intenso. Os seus
efeitos são a diminuição da precipitação em grande parte do Brasil e muitas
chuvas no Sul", afirmou o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (Inpe/MCTI), Paulo Nobre.
"Desde 2013, não observávamos a zona de convergência do Atlântico
Sul que favoreceu as chuvas no País, incluindo o Nordeste. No entanto, é uma
chuva transiente. A conclusão é que até abril as chuvas irão diminuir na região
Nordeste e Norte. O El Niño já atingiu o pico em novembro passado e agora está
em fase de decaimento e deve durar até o segundo semestre, com maior influência
nos próximos três meses", acrescentou.
O presidente do GTPCS, Carlos Nobre, chamou a atenção para a redução das
chuvas no semiárido brasileiro. Na avaliação dele, a região exige "atenção
máxima" do Governo Federal. "É o quinto ano de chuva abaixo da média
no semiárido do Brasil. O total de água armazenado no semiárido está diminuindo
ano após ano causando impacto na vida humana, agrícola e animal. O semiárido
deve enfrentar mais um ano de dificuldades", ressaltou.
O ministro destacou a importância dos dados levantados pelas principais
lideranças na área de previsão climática do Brasil que compõem o GTPCS. "O
Brasil tem um sistema de referência mundial de modelagem de clima. Isso ajuda o
governo em ações como previsão para agricultura, consumo da água e produção de
energia", avaliou Celso Pansera.
Além do ministro, participaram da reunião o secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento (Seped/MCTI), Jailson de Andrade, o presidente do CNPq, Hernan Chaimovich, e o diretor do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden/MCTI), Osvaldo Moraes.
Com informações do MCTI