quarta-feira, janeiro 20

El Niño forte vai influenciar clima no Brasil nos próximos três meses

Ministro Celso Pansera e pesquisador do Inpe, Paulo Nobre,
explicam influência do El Niño sobre o clima

O fenômeno El Niño deve influenciar o clima no Brasil nos próximos três meses. Isso significa aumento do volume e da intensidade das chuvas na região Sul, redução do volume de chuvas nas regiões Norte e Nordeste, e temperaturas mais altas do que a média histórica em praticamente todo o País até abril. A conclusão é do Grupo de Trabalho em Previsão Climática Sazonal (GTPCS) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), que realizou a primeira reunião do ano na terça-feira (19/1), em Brasília. O ministro Celso Pansera participou da abertura e do encerramento da reunião técnica na sede do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O diretor-presidente do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), Manoel Baretto, participou da reunião do Grupo de Trabalho.

O Grupo de Previsão Climática se refere ao fenômeno como "mega El Niño". Segundo os especialistas, depois de quase 20 anos o El Niño atinge novamente o Brasil. Embora tenha perdido força, há 95% de chance de continuar atuante até abril. "Estamos vivendo um El Niño muito intenso. Os seus efeitos são a diminuição da precipitação em grande parte do Brasil e muitas chuvas no Sul", afirmou o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe/MCTI), Paulo Nobre.

"Desde 2013, não observávamos a zona de convergência do Atlântico Sul que favoreceu as chuvas no País, incluindo o Nordeste. No entanto, é uma chuva transiente. A conclusão é que até abril as chuvas irão diminuir na região Nordeste e Norte. O El Niño já atingiu o pico em novembro passado e agora está em fase de decaimento e deve durar até o segundo semestre, com maior influência nos próximos três meses", acrescentou.

O presidente do GTPCS, Carlos Nobre, chamou a atenção para a redução das chuvas no semiárido brasileiro. Na avaliação dele, a região exige "atenção máxima" do Governo Federal. "É o quinto ano de chuva abaixo da média no semiárido do Brasil. O total de água armazenado no semiárido está diminuindo ano após ano causando impacto na vida humana, agrícola e animal. O semiárido deve enfrentar mais um ano de dificuldades", ressaltou.

O ministro destacou a importância dos dados levantados pelas principais lideranças na área de previsão climática do Brasil que compõem o GTPCS. "O Brasil tem um sistema de referência mundial de modelagem de clima. Isso ajuda o governo em ações como previsão para agricultura, consumo da água e produção de energia", avaliou Celso Pansera. 

Além do ministro, participaram da reunião o secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento (Seped/MCTI), Jailson de Andrade, o presidente do CNPq, 
Hernan Chaimovich, e o diretor do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden/MCTI), Osvaldo Moraes.

Com informações do MCTI