Um acordo
de cooperação entre Brasil e França vai estudar o impacto humano nas águas
subterrâneas da Região Metropolitana do Recife (RMR). O estudo Challenge of water
quality in urban environmental issue: Recife aquifers and land use. How to face groundwater salinisation and
contamination under global environmental change in its societal context –
Projeto Coqueiral vai analisar os usos e a percepção social da água, além de
identificar os processos de degradação pelos quais os aquíferos da costa
pernambucana vêm passando ao longo das últimas décadas.
A
pesquisa será coordenada pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), no Brasil,
e pelo Bureau de Recherches Géologiques et Minières (BRGM), na França, com a
colaboração do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), da Universidade de São Paulo
(USP) e das francesas Lille 3 e Rennes 1, além do Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (Inpe) e da parceria privada da Géo-Hyd, empresa de gestão
de recursos naturais e sistemas de informação. Em março, as entidades
envolvidas se reuniram no Recife para dar início ao projeto.
Com
duração prevista de três anos e um investimento de mais de R$ 2 milhões, o
Projeto Coqueiral propõe uma pesquisa interdisciplinar que alia a proteção ambiental
ao planejamento de gestão das águas subterrâneas. Através do estudo será
possível avaliar o impacto humano sobre a qualidade e a quantidade de água dos
aquíferos da costa de Pernambuco, superexplorados com o aumento da urbanização
nestas localidades.
No
Brasil, a água é um bem de domínio público e todo e qualquer uso tem que ser
autorizado. Segundo Marcelo Asfora, diretor-presidente da Agência Pernambucana
de Águas e Clima (Apac), apenas 5094 poços, de um total de 18 mil, são
outorgados no estado – destes, 90% utilizam as águas subterrâneas para fins de
abastecimento. O Projeto Coqueiral vai detectar como se dá o uso dessas águas e
apontar a origem dos processos de salinização e de poluição inorgânica, além de
traçar a evolução dos aquíferos com as mudanças ambientais e sociais da costa
pernambucana.
Pernambuco
cresce acima da média do Nordeste e do Brasil – o Produto Interno Bruto (PIB)
cresceu 26,23% no período de 2007 a 2010 –, o estado segue com potencialidades
hídricas restritas, tornando necessário o equilíbrio entre as atividades
produtivas e os usos da água para evitar danos ainda maiores posteriormente.