segunda-feira, agosto 27

Geologia Estrutural voltada à investigação de novas jazidas minerais é destaque da CPRM no 49º Congresso Brasileiro de Geologia


Pesquisador da CPRM Felipe Mattos Tavares
Identificar as deformações da crosta terrestre e as estruturas resultantes dessa deformação é parte fundamental das atividades de mapeamento executadas Serviço Geológico do Brasil (CPRM) em todo o país. A geologia estrutural, ramo das geociências responsável por esta investigação, é o tema de atuação do geólogo da CPRM Felipe Mattos Tavares. Ele é um dos coordenadores da Sessão Temática Geologia Estrutural, Correlação Tectônica América do Sul-África e Reconstrução do Gondwana no 49º Congresso Brasileiro de Geologia. Na entrevista abaixo, ele fala sobre a importância da geologia estrutural para descoberta de potencialidades minerais.

Quais os métodos de análises mais utilizados pela geologia estrutural na CPRM?
A geologia estrutural é o ramo das geociências onde estudamos a deformação das rochas e as estruturas resultantes dessa deformação. É uma área que se faz presente na maioria dos projetos que executamos, pois as estruturas são como o esqueleto de qualquer área de trabalho. Estruturas podem ser, por exemplo, vetores importantes para descoberta de jazimentos minerais, além de poderem atuar em processos erosivos, migração de águas subterrâneas, deslizamentos de terra, etc. As estruturas são como fractais, repetindo-se em diversas escalas. Então, trabalhamos com geologia estrutural tanto na escala regional, a partir da interpretação de imagens de sensoriamento remoto e aerogeofísica, como a partir de trabalhos de campo e descrições de rochas ao microscópio. 

Quais os trabalhos serão apresentados pela CPRM sobre a temática Geologia Estrutural, Correlação Tectônica América do Sul-África, Reconstrução do Gondwana no Congresso? Apresentaremos um trabalho, onde sou um dos autores, sobre a Evolução tectônica polifásica do Cinturão Gurupi um importante distrito mineral para ouro na divisa entre os estados do Pará e Maranhão, onde as estruturas são um dos principais controles para entender a distribuição dos jazimentos auríferos. Também apresentaremos o trabalho sobre a Interpretação geofísica-geológica dos lineamentos estruturais do Arco Magmático de Goiás (Arenópolis), Brasil Central, do colega Felipe Martins e colaboradores, da SUREG-GO, área também com importantes depósitos minerais estruturalmente controlados.

Existe algum produto finalizado recentemente na empresa que será disponibilizado ao público no Congresso?
Disponibilizaremos diversos produtos finalizados nos últimos anos na forma de um pendrive, bem como será possível interagir com os produtos através de telas dispostas no nosso estande. 

Qual das províncias tectônicas da América Latina é maior alvo de pesquisa mineral?
As principais áreas produtoras de minério no Brasil são Carajás (Pará) e Quadrilátero Ferrífero (Minas Gerais), ambas situadas em terrenos antigos (arqueanos) intensamente deformados. O estudo da geologia estrutural nestas áreas é fundamental para o entendimento da geologia e indicação de áreas potenciais para exploração mineral.

Como a geologia estrutural facilita o estudo de prospecção mineral?
A geologia estrutural é um dos principais campos de conhecimento que suportam a exploração mineral principalmente de metais base e ouro. Isso porque diversos tipos de depósitos minerais são controlados por estruturas, ou seja, os corpos de minério muitas vezes seguem uma zona de falhas, eixo de dobra, ou respeitam um padrão de fraturamento específico.

Qual o panorama quanto à geologia estrutural da CPRM nas áreas de relevante interesse mineral?
O entendimento da evolução estrutural avançou consideravelmente em todas as áreas de relevante interesse mineral, o que é muito importante. No entanto nosso maior desafio ainda é o fato de termos poucos especialistas no tema. Nossa meta é capacitar mais pesquisadoras e pesquisadores em geologia estrutural no nível de pós-graduação.

O avanço do conhecimento sobre as semelhanças geológicas entre a África e a América do Sul pode gerar a indicação de novas potencialidades minerais no Brasil?
Sim, especialmente para mineralizações de ouro. Já é sabido que uma das mais importantes zonas produtoras de ouro do mundo o Distrito de Ashanti em Gana, no passado se conectava com a região do Cinturão Gurupi e, possivelmente, com outras zonas produtoras de ouro do norte e nordeste. Estudar as "pontes" entre ambos os continentes e a reconstrução paleocontinental são temas que podem ajudar a melhorar nossos modelos de prospectividade e a indicar novas áreas potenciais.

 A CPRM desenvolve alguma pesquisa sobre a reconstrução do Gondwana?
A CPRM atua apenas indiretamente nos projetos de reconstrução do Gondwana. Mas nossos mapas de integração na escala regional são fundamentais para o desenvolvimento dos projetos de reconstrução paleogeográfica de supercontinentes.

Felipe Mattos Tavares possui graduação, mestrado e doutorado em Geologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). É especialista em geologia estrutural, com experiência em mapeamento geológico-estrutural sistemático, no estudo de depósitos minerais tectonicamente controlados e de controles estruturais regionais de distritos e províncias minerais. Ingressou na CPRM em 2007, executando projetos de mapeamento geológico e de pesquisa mineral nas regiões Norte e Nordeste, destacadamente na Província Mineral de Carajás.


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