quinta-feira, março 31

Equipe da CPRM de Porto Velho participa da Expedição Rio Acre

Equipe da CPRM: Franco Buffon, Amilcar Adamy  e Wladimir Gomes

Uma equipe da Residência de Porto Velho do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) participou da Expedição Rio Acre que aconteceu de 5 a 19 de março.  O intuito foi conhecer, na prática, a dinâmica fluvial e a estrutura geomorfológica da bacia, desde a área das principais nascentes na divisa do Acre com o Peru, até a foz.

Organizada pelo Sindicato dos Engenheiros do Acre (Senge AC) e Secretaria do Meio Ambiente (Sema AC), com o apoio de vários outros órgãos regionais, a expedição buscou fornecer subsídios para os estudos de pré-viabilidade e análise de riscos necessários à regularização de vazão do rio Acre. Pretende-se identificar áreas da bacia passíveis de receber estruturas capazes de segurar o excesso de água das chuvas no período de inundações, com reaproveitamento econômico e liberação desse excesso no período de secas severas.

A equipe da CPRM contou com a participação do geólogo Amilcar Adamy, especialista em geodiversidade do Acre e também do engenheiro hidrólogo Franco Turco Buffon e do técnico em hidrologia Wladimir Ribeiro Gomes. Eles percorreram o trecho que vai de Porto Acre até o município de Assis Brasil. A Sema, o Sistema de Proteção da Amazônia (SIPAM) e o Instituto de Mudanças Climáticas (IMC AC) deram apoio técnico ao grupo.

Foram feitos levantamentos da seção transversal do rio, do comportamento das velocidades, resumos de descarga líquida, coleta de sedimentos, análise de parâmetros de qualidade da água, além de realizar o mapeamento do rio por meio de GPS geodésico. Eles realizaram também uma análise do canal e das margens do rio quanto a variações da capacidade de escoamento provocadas pelos diferentes tipos de vegetação e assoreamentos identificáveis.

Os dados obtidos vão registrar uma espécie de fotografia das condições atuais do rio e serão úteis para realizar comparações ao comportamento já conhecido nos pontos onde há monitoramento, além de gerar novas informações onde o monitoramento ainda é recente ou não foi iniciado.

Foram desenvolvidos ainda estudos específicos sobre o meio físico, abrangendo levantamento sobre o contexto geológico e os domínios geomorfológicos observados durante a expedição. De acordo com as informações coletadas pelo projeto Geodiversidade do Estado do Acre, a unidade geológica Formação Solimões predomina em taludes fluviais mais pronunciados e em colinas dissecadas, merecendo destaque, ainda, os sedimentos aluvionares inconsolidados recentes.

Uma feição notável associa-se aos conglomerados pleistocênicos, de abundante conteúdo fossilífero. O padrão meandrante do rio Acre é dominante, ocorrendo, no entanto, segmentos retilíneos, encaixados em lineamentos tectônicos reativados. Durante o percurso, uma atenção especial foi dedicada aos meandros abandonados que poderiam representar uma alternativa possível a uma regularização das vazões.

O Rio Acre vem apresentando desde meados da década de 1990 uma tendência à intensificação dos eventos extremos de secas e inundações. A variabilidade climática interanual e os eventos extremos de chuvas e secas determinam aumentos e diminuições das vazões, colocando em risco a população residente nos bairros situados nas planícies de inundação. Considerando a maior frequência dos extremos de cheias e rebaixamento de nível nas secas prolongadas, gerando danos à sociedade e à economia local, o número de desabrigados e afetados nos períodos de alagação, bem como o colapso do sistema de abastecimento nas cidades da bacia que o utilizam o Rio Acre para esta finalidade.


Com o trabalho realizado, a CPRM pretende contribuir para o governo do Acre a encontrar uma solução para as frequentes inundações nos municípios situados às margens do rio Acre, visando minimizar os impactos provocados sobre a população.