Equipe
da CPRM: Franco Buffon, Amilcar Adamy e
Wladimir Gomes
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Uma equipe da Residência de Porto
Velho do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) participou da Expedição Rio Acre
que aconteceu de 5 a 19 de março. O
intuito foi conhecer, na prática, a dinâmica fluvial e a estrutura
geomorfológica da bacia, desde a área das principais nascentes na divisa do
Acre com o Peru, até a foz.
A equipe da CPRM contou com a participação
do geólogo Amilcar Adamy, especialista em geodiversidade do Acre e também do
engenheiro hidrólogo Franco Turco Buffon e do técnico em hidrologia Wladimir
Ribeiro Gomes. Eles percorreram o trecho que vai de Porto Acre até o município
de Assis Brasil. A Sema, o Sistema de Proteção da Amazônia (SIPAM) e o Instituto
de Mudanças Climáticas (IMC AC) deram apoio técnico ao grupo.
Foram feitos levantamentos da seção
transversal do rio, do comportamento das velocidades, resumos de descarga
líquida, coleta de sedimentos, análise de parâmetros de qualidade da água, além
de realizar o mapeamento do rio por meio de GPS geodésico. Eles realizaram
também uma análise do canal e das margens do rio quanto a variações da
capacidade de escoamento provocadas pelos diferentes tipos de vegetação e
assoreamentos identificáveis.
Os dados obtidos vão registrar uma
espécie de fotografia das condições atuais do rio e serão úteis para realizar
comparações ao comportamento já conhecido nos pontos onde há monitoramento, além
de gerar novas informações onde o monitoramento ainda é recente ou não foi
iniciado.
Foram desenvolvidos ainda estudos
específicos sobre o meio físico, abrangendo levantamento sobre o contexto
geológico e os domínios geomorfológicos observados durante a expedição. De
acordo com as informações coletadas pelo projeto Geodiversidade do Estado do
Acre, a unidade geológica Formação Solimões predomina em taludes fluviais mais
pronunciados e em colinas dissecadas, merecendo destaque, ainda, os sedimentos
aluvionares inconsolidados recentes.
Uma feição notável associa-se aos
conglomerados pleistocênicos, de abundante conteúdo fossilífero. O padrão
meandrante do rio Acre é dominante, ocorrendo, no entanto, segmentos
retilíneos, encaixados em lineamentos tectônicos reativados. Durante o
percurso, uma atenção especial foi dedicada aos meandros abandonados que
poderiam representar uma alternativa possível a uma regularização das vazões.
O Rio Acre vem apresentando desde
meados da década de 1990 uma tendência à intensificação dos eventos extremos de
secas e inundações. A variabilidade climática interanual e os eventos extremos
de chuvas e secas determinam aumentos e diminuições das vazões, colocando em
risco a população residente nos bairros situados nas planícies de inundação.
Considerando a maior frequência dos extremos de cheias e rebaixamento de nível
nas secas prolongadas, gerando danos à sociedade e à economia local, o número
de desabrigados e afetados nos períodos de alagação, bem como o colapso do
sistema de abastecimento nas cidades da bacia que o utilizam o Rio Acre para
esta finalidade.
Com o trabalho realizado, a CPRM
pretende contribuir para o governo do Acre a encontrar uma solução para as
frequentes inundações nos municípios situados às margens do rio Acre, visando
minimizar os impactos provocados sobre a população.