Amostra
de eclogito, rochas metamórficas formadas
por alta pressão, coletado no Togo
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O
geólogo pesquisador do Serviço Geológico do Brasil, Carlos E. Ganade de Araújo
teve o artigo científico “Ediacaran 2,500-km-long synchronous deep continental
subduction in the West Gondwana Orogen” publicado, quinta-feira (16/10), na
revista científica Nature Communications. Carlos Ganade descobriu
supermontanhas de 600 milhões de anos que podem ter ajudado na evolução da vida
na Terra.
O
artigo faz parte do doutorado que Ganade concluiu pelo Universidade de São
Paulo (USP), este ano, com orientação do geólogo Umberto Cordani, e contou com
a participação de pesquisadores da Austrália, França e da própria USP.
O
trabalho descreve a descoberta de montanhas com magnitude próxima ao Himalaia,
com base em rochas de alto grau metamórfico, em uma região que vai desde o
nordeste brasileiro até a África Ocidental, em países como Togo e Mali.
Eclogito
visto no microscópio mostra a presença de coesita,
minerais de sílica de
pressão mais elevada
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Ganade
coletou amostras de eclogitos, rochas de alta pressão que possuem uma mineralogia
particular, que estavam na superfície do planeta, mas para que eles possam ter
essa mineralogia particular precisam ter estado a pelo menos 100 km de
profundidade, o que acontece por meio do processo de subducção continental (quando
dois continentes colidem e um entra por debaixo do outro).
Carlos
Ganade durante o período da pesquisa
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A
equipe de pesquisadores investigou pelo ponto de vista geotermobarométrico para
saber a pressão e temperatura da formação dessa rocha e pelo ponto de vista
geocronológico para saber a idade da rocha. Descobriram então que todas as
rochas coletadas apresentavam a pressão elevada, indicando que elas estiveram à
uma profundidade de pelo menos 100km, e todas têm a mesma idade, cerca de 610
milhões de anos.
Carlos
falou sobre a pesquisa realizada após a coleta de amostras: “Usando dados da
literatura, fizemos um paralelo com o que estava acontecendo no planeta há 600
milhões de anos. Um exemplo é o nível de oxigênio que cresceu exponencialmente,
as formas de vida começaram a se tornar mais complexas.”
O
estudo mostra que a formação de montanhas pela colisão de continentes teria uma
importância fundamental, pois essa seria uma zona mais propícia para ser
erodida, devido à instabilidade. Essa erosão, que gera sedimentos, teria jogado
para dentro dos oceanos de 600 milhões de anos nutrientes que poderiam
favorecer a evolução de seres multicelulares da Fauna Ediacarana.
Segundo
Ganade, os dados obtidos também foram importantes para mostrar que as placas
tectônicas da Terra, como conhecemos hoje, responsável pela edificação de grandes montanhas em zonas de colisão
continental, podem ter começado somente
há 600 milhões de anos, indicando que, provavelmente, antes desse período, não
existiriam montanhas dessa grandeza na superfície da Terra.
Equipe
em campo
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Dessa
forma, o trabalho apresentado por Ganade, pode ajudar a entender a estrutura de
montanhas que também se formaram por esse processo de subducção continental, como
os Alpes e os Himalaias, que apresentam as raízes a dezenas de km abaixo da
superfície, impedindo o acesso.
Para
ver o artigo na revista Nature Communications acesse o link: http://www.nature.com/ncomms/2014/141016/ncomms6198/full/ncomms6198.html