Depoimento emocionado de Manoel Barretto |
Depois de dois dias de julgamento, a 53ª Caravana
da Anistia encerrou os trabalhos, em Salvador, pedindo perdão, em nome do
Estado, a 16 ex-presos políticos baianos. Foram julgados vários processos,
entre eles, o de Manoel Barretto da Rocha Neto. “A emoção voltou a tomar conta
de todos que assistiam ao julgamento do pedido de Anistia”, comentou emocionado
seu advogado Augusto de Paula. “O relatório minucioso e o depoimento de Manoel
Barretto trouxeram mais uma vez as lembranças de um tempo não tão distante e
muitas lágrimas”, finalizou.
Na sessão, realizada no auditório do Conselho
Estadual de Cultura, a Caravana, organizada pela Comissão Nacional da Anistia
do Ministério da Justiça e pelo Grupo Tortura Nunca Mais, anistiou os
militantes considerando-os como perseguidos políticos durante as duas ditaduras
militares vividas pelo Brasil. Na segunda-feira (05/12) aconteceu a homenagem
ao centenário de vida de Carlos Marighella, baiano filiado Partido Comunista do
Brasil, recebeu a anistia "post mortem".
A Comissão ao julgar o processo reconheceu as
violências e torturas praticadas pelo Estado nos tempos da ditadura militar
contra o professor Manoel Barretto, o declarou “ANISTIADO pedindo-lhe desculpas
em nome do Governo e do povo Brasileiro por todas as atrocidades praticadas
contra ele, sua família e amigos”.
O diretor-presidente do Serviço Geológico do Brasil
(CPRM), Manoel Barretto foi perseguido, preso e torturado durante o regime
militar, quando cursava geologia na Universidade Federal da Bahia (UFBA). Em
1974, recém-formado, foi contratado pela CPRM e prestava serviços no
Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) quando foi demitido.
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feliz de quem passa pela vida; tendo mil razões para vivê-la... Helder Câmara |
A Solenidade contou com a presença do governador da
Bahia, Jaques Wagner, do ex-governador Waldir Pires, de vários deputados
federais, estaduais, vereadores e senadores, além de secretários do estado,
ex-presos e militantes políticos.
Presidiu a Sessão de julgamento a conselheira
Sueli Aparecida Bellato e o relator foi o conselheiro Prudente José Silveira
Mello. Também participou do julgamento o advogado Augusto de Paula, defensor do
Anistiado Manoel Barretto.
Confira a lista dos anistiados:
1. Manoel Barretto da Rocha Neto: foi
preso duas vezes em 1971 quando era estudante, respondeu a inquérito Policial
Militar e foi absolvido em 1973. Era professor da UFBA e teve o contrato
cancelado em 1976.
2. Nilton Jorge Kosminsky: acusado
de pertencer ao MR-8, exilou-se do México para não ser preso.
3. Aristiliano Soeiro Braga: estudante
preso em 1964 e 1970.
4. Juvenal Silva Souza: ao
participar de passeata contra prisão dos estudantes em Ibiúna (SP), foi
alvejado por tiros da polícia. Exilado na Itália.
5. Evan Felipe de Souza: preso em
1972 na fábrica em que trabalhava. Respondeu ao IPM 22/72 que foi instaurado
para apurar as atividades da POLOP no Estado da Bahia.
6. Lourival Soares Gusmão: preso em 1982 por
participar do lançamento da revista Cartilha do Araguaia. Foi posto em
liberdade 19 dias depois.
7. Josafá Costa Miranda: preso em 1972 por ser
acusado de ser militante da Organização de Combate Marxista Leninista –
Política Operária CML – PO.
8. Delmiro Martinez Baqueiro: ex-funcionário da Petrobras,
foi preso em 1972 por ser um dos membros da OCML-PO e em 1973 foi condenado a
três anos de reclusão.
9. Luiz Carlos Café da Silva: ex-funcionário do INSS,
sofreu perseguição por ter respondido IPM em 1964. Foi compelido a pedir
exoneração.
10. Tânia Aarão Reis: filha de ex-preso político
banido do país em 1971. Nasceu no Chile em 1973 e somente conseguiu passaporte
brasileiro em 1980.
11. Jairo Cedraz de Oliveira: participou do Movimento
Estudantil Secundarista em 1966 e foi membro da POLOP em 1967.
12. Mário Barbate: foi encarregado da
tipografia do PCB em São Paulo, em 1940. Alega que foi preso em 1941 por ser
responsável pela tipografia de vários manifestos contra o governo da época.
13. Sinval Araújo De Andrade e Lucia Maria Pereira
De Andrade: ex-funcionário
da Petrobras, demitido em 1965.
14. Edmundo Dias De Fariase: ex-funcionário da Caraíba
Metais S/A. Metalúrgico do Pólo Petroquímico de Camaçari. Demitido por
participar do movimento grevista.
15. Wesly Macedo de Almeida: foi preso em 1970 e
respondeu a IMP instaurado para apurar atividades subversivas do PC do B e do
PCBR, pelo qual foi condenado a três anos de reclusão.