Pesquisadores percorreram o bairro coletando dados e evidências |
O Serviço Geológico do Brasil (CPRM) encaminhou à
Prefeitura de Maceió o relatório técnico elaborado a partir do último
levantamento realizado no bairro que busca identificar as causas do surgimento
de fissuras na região do Pinheiro, em junho. O relatório foi apresentado pelo
geólogo Thales Sampaio, que representou o diretor de Hidrologia e Gestão
Territorial, Antônio Carlos Bacelar.
Sampaio explicou as recomendações do relatório à gestão
municipal, que indica a necessidade de levantamentos mais aprofundados, com
sugestões de estudos detalhados de geologia, geofísica e hidrogeológia. “É importante
enfatizar que para o entendimento e elucidação das
possíveis causas é necessário uma interpretação
sistêmica e integrada de todas as dimensões propostas nos estudos”.
O relatório é decorrente do plano alinhado pelo grupo de
trabalho criado em Brasília com a participação de órgãos do governo federal e
prefeitura. O documento traz informações técnicas de acordo com o levantamento
realizado entre os dias 19 e 25 de junho, período em que uma equipe da CPRM
coletou evidências nas vias públicas e edificações, levando em consideração
também o relato de moradores.
Os levantamentos realizados em campo e a integração dos
dados permitiram a caracterização de três graus de intensidade das fissuras,
considerando a quantidade, a abertura e a persistência nos locais mapeados. O
relatório enfatiza que ainda não é possível identificar e caracterizar o
processo causador do fenômeno, por isso, a sugestão de novos estudos.
O documento esclarece também que, conforme depoimentos
colhidos dos moradores, a existência dos indícios de instabilidade é muito
anterior ao abalo sísmico ocorrido no dia 3 de março deste ano. Nesse sentido,
há o registro de ocorrência de fissuras em um período entre cinco e dez anos.
O titular da
Secretaria Municipal de Desenvolvimento Sustentável (Semds), da qual faz parte
a Defesa Civil de Maceió, Gustavo Acioli Torres explica que o relatório sugere
que Prefeitura continue com o monitoramento por meio da instalação de réguas,
além de recomendar o levantamento de dados técnicos. O objetivo, segundo
justifica o relatório, é acompanhar se houve ou não evolução do processo nas
diferentes regiões do Pinheiro, algo que já vem sendo realizado pela equipe da
Defesa Civil em contato com os moradores do bairro.
“O suporte do Serviço Geológico do Brasil é crucial
neste trabalho para que, conjuntamente, possamos chegar a uma conclusão sobre o
que de fato acontece no Pinheiro. É uma situação que, sem este apoio, nenhuma
cidade brasileira teria condições de buscar esclarecimentos, em razão da
insuficiência de instrumental técnico e de equipamentos, levando em consideração
a complexidade do fenômeno”, comenta o secretário.
O secretário adjunto da Defesa Civil Municipal, Dinário
Lemos, afirma que o grupo de trabalho criado para monitorar o bairro do
Pinheiro segue mobilizado. “Mantemos o monitoramento constante da área. Estamos
trabalhando de forma integrada com órgãos do governo federal e, nas próximas
semanas, iremos a Brasília para que possamos alinhar as próximas etapas”,
informa.
O documento destaca a qualidade técnica do trabalho
desenvolvido pela Defesa Civil Municipal e propõe a ampliação e reestruturação
do órgão, com suporte da Defesa Civil Nacional, para aperfeiçoar o
monitoramento de dados. Além disso, também recomenda a implantação de núcleos
comunitários para facilitar a comunicação entre a população e a gestão municipal
e um levantamento de vulnerabilidade social da população da área afetada.
Em relação ao estudo geofísico sugerido no relatório, o
Serviço Geológico explica que este método de pesquisa tem a finalidade de
investigar possíveis estruturas em subsuperfícies que possam ter influência na
desestabilização do terreno. Sobre o estudo hidrogeológico, o relatório aponta
que o intuito é entender as características do aquífero existente na região e
suas possíveis influências no processo.
Os dois estudos exigem corpo técnico especializado e
equipamentos, cuja viabilidade de recursos e pessoal necessário à execução será
discutida nas próximas semanas em Brasília com representantes da Prefeitura,
ministérios da Integração Nacional e das Cidades.
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Ascom Semds – Maceió
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