Diniz defendeu o gerenciamento de água na bacia hidrográfica para tornar
possível a convivência com as secas no nordeste
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Brasília
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O geólogo João Alberto Oliveira
Diniz apresentou nesta terça-feira, dia 20/03, para público do estande do
Serviço Geológico do Brasil (CPRM), no 8º Fórum Mundial da Água, palestra Como Conviver com a Seca no Semiárido Nordestino, Problemas
e Soluções. Chefe da Divisão de Hidrogeologia e Exploração da CPRM, João Diniz relatou
seu trabalho de pesquisa e gerenciamento integrado de recursos hídricos,
perfuração de poços e mapeamento hidrogeológico.
Na região Nordeste do
Brasil, incluindo áreas de MG e ES, localiza-se uma região conhecida como
Polígono das Secas. Dentro desta área, que se caracteriza pela baixa
precipitação pluviométrica, grande índice de aridez e risco de seca superior a
60% estão localizados 1.133 municípios. Na região semiárida, três áreas
principais de desertificação são reconhecidas nos municípios de Irauçuba - CE,
Cabrobó - PE e Seridó - RN.
No entanto, Diniz explicou que com base no potencial per capita de água por
ano no Nordeste, representado pelo quociente do volume de descargas médias do
rio (DNAEE, 1985) e da população (IBGE, 1991), verifica-se que a
disponibilidade anual (m³/ ano) em Pernanbuco (1.320) é maior que na Alemanha
(1.160). Na Bahia (3.028) igual ao da França (3.030) e no Piauí (9.608), igual
aos EUA (9.940). “O que ocorre é que esta água vai embora não é armazenada”,
explicou.
Diniz defendeu o gerenciamento de água na bacia hidrográfica como uma das
ações necessárias para tornar possível a convivência com as secas no nordeste.
Para isso, é preciso reduzir a velocidade
dos fluxos de água de superfície, visando aumentar a disponibilidade de água
subterrânea e superficial, pelo aumento da infiltração.
Como
exemplo, citou o projeto ProAluvi, desenvolvido pela CPRM que mapeou
as ocorrências de aluviões no Nordeste Oriental, com exceção da Bahia. Os
aluviões são reservatórios de água mais protegidos da evaporação do que as
águas de superfícies. A partir da identificação é possível criar soluções mais
duradouras e eficientes para uso da água na região semiárida.
“Um exemplo é a barragem
subterrânea construída em Serra Talhada em Pernambuco há mais de 10 anos. De lá
pra cá não faltou mais água naquela comunidade, inclusive para irrigação de
pequenas áreas, além do uso para consumo humano”, destacou.
Outra estratégia é o transporte
de água a grandes distâncias como exemplo a transposição de água de superfície
(Rio São Francisco), transporte de água subterrânea como a adutora do Vale do
rio Gurguéia. Citou ainda o projeto Irep, da rede estratégia de poços do
Nordeste, além de ações importantes como barragens subterrâneas, poços
coletores com drenos radiais, barragens de assoreamento, recarga artificial de
águas subterrâneas, aproveitamento de águas de chuvas, reuso de águas e
dessalinização de poços.
Por fim, citou projeto
piloto em desenvolvimento em Pernambuco, por meio de um acordo com o Ministério
das Minas e Energia do Brasil e o Serviço Geológico do Brasil que visa aumentar
a produtividade dos poços já existentes na região, já que estima-se que metade
dos poços existentes estejam paralisados, devido à quebra do equipamento, água
salgada ou cortes orçamentários. “A recuperação ou revitalização desses poços é,
portanto, de grande importância no aumento do abastecimento regional de água”,
finalizou.
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Texto: Janis Morais
Assessoria de Comunicação
Serviço Geológico do Brasil
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