Funcionárias da CPRM durante apresentação do grupo GeoTales |
Homenageando o Dia Internacional das Mulheres, o Museu de Ciências da
Terra convidou o Grupo GeoTales, constituído de alunos da Universidade Federal
do Rio de Janeiro - Unirio, que fizeram performance com poesias e lendas paleontológicas
sobre empoderamento feminino, cultura indígena e geociências.
Com repertório autoral,
contaram sobre a lenda da Pedra da Onça, que fica na Ilha do Governador no Rio
de Janeiro, onde uma índia pertencente a uma tribo da região ia banhar-se com
seu gato-maracajá de estimação. Um dia ela não voltou do seu banho de mar e o
maracajá ficou esperando-a por vários dias. Então os moradores fizeram uma
estátua em homenagem. Com essa história, o grupo apresentou o conceito de
fossilização, de construção e formação das ilhas, mas também sobre o
empoderamento feminino, pois esta era uma índia que usava arco e flecha, sabia
caçar, e se colocava à frente dos índios. Esta lenda faz parte de um projeto de
geomitologia da América do Sul.
A gestora do museu, Nathalia Roitberg, agradeceu a presença do grupo e falou
da importância dessas apresentações para as escolas visitantes: “ é levar a academia para a prática, o que é
realmente raríssimo na comunidade geocientífica”.
Nathalia destacou que a linha de pesquisa sobre o protagonismo das
mulheres nas geociências é desenvolvida no MCTer desde 2016 e no ano passado
ganhou maior aprofundamento através do empenho da pesquisadora Fátima Maria do
Nascimento, inclusive com um trabalho publicado nos anais do 3º Seminário
Brasileiro de Museologia em Belém do
Pará. A participação nesse evento, segundo a gestora, simbolizou um momento
importante na história do museu através do incentivo do Serviço Geológico do
Brasil às interseções necessárias entre história, museologia e geociências.
A geóloga Adriana Gomes de
Souza, curadora do acervo de minerais e rochas, relatou, com muita emoção, sua
paixão pela Geologia deste a infância e o quanto foi difícil a sua caminhada
dentro de uma profissão considerada essencialmente masculina, não só nas salas
de aula como nos trabalhos de campo, onde teve que vencer obstáculos até nas
acomodações.
“Escolhi ser geóloga desde os nove anos de idade, na época, eu era a
única menina a querer fazer faculdade de Geologia no curso de ensino médio e no
vestibular, e depois na faculdade, por muitas vezes, eu era a única mulher na
sala de aula. No início de minhas atividades de campo tudo era muito difícil,
pois tinha que mostrar que estava ali como profissional, imprimir respeito e
seriedade, precisava manter uma postura mais forte, mais briguenta, para ser
respeitada. Ao longo dos anos, eu fui me moldando, mostrando o meu trabalho e
me sensibilizando, não me focando só nas questões de mineração, tão fascinante
e necessária e mas também no dano ao meio ambiente e suas formas de controle e
mitigação. Fui me especializando em geologia ambiental, com um olhar feminino, atentando
a preservação do meio ambiente e também para o lado social, trabalhando na
investigação de risco geológico. No início da minha caminhada, ainda estudante,
quando vim estagiar no MCTer, me voltei para a distribuição do conhecimento
para as pessoas que não tiveram acesso à geociências, tentando despertar nelas
o interesse pela Geologia. Hoje, trabalho com educação aplicada à geociências
desde o ensino básico, e este é o meu principal desafio atualmente”, finalizou.
Grupo
GeoTales
O grupo formado por alunos
de Museologia e Biologia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro – Unirio, coordenado
pela professora Luiza Ponciano, é parceiro do Museu de Ciências da Terra
trazendo para as escolas visitantes conceitos de Geologia e Paleontologia buscando
o interesse dos alunos pelas Ciências da Terra através de apresentações
lúdicas, inserindo a arte para falar de ciência.
Integrantes do Grupo GeoTales |
Assessoria de Comunicação
Serviço Geológico do Brasil - CPRM
asscomdf@cprm.gov.br
(61) 2108-8400