Cânion do rio Poti: um cenário da historia geológica planetária da bacia do Parnaíba |
A proposta de colocar o Cânion do rio Poti como
Geoparque está sendo estudada e defendida pelos geólogos José Sidiney Barros e
José Milton de Oliveira Filho, da Residência de Teresina do Serviço Geológico
do Brasil. Atualmente, os pesquisadores cumprem etapa de campo de levantamento
e caracterização de possíveis sítios geológicos na região.
Para
apresentar a proposta, foi realizada uma palestra na Universidade do Ceará,
direcionada para alunos dos cursos de engenharia civil, engenharia de minas e
educação ambiental, representantes do governo local e comunidade em geral.
O rio Poti, com nascentes no Ceará, é capturado pelo
sistema de falhas regionais dos lineamentos Transbrasiliano, Picos-Santa Inês e
falha de Tauá, gerando formas geológicas exuberantes e expondo e esculpindo
rochas do Grupo Canindé, Formação Cabeças, e formações Tianguá e Ipu do Grupo
Serra Grande. O local possui paisagem de beleza cênica impressionante,
abrigando flora e fauna do bioma Caatinga que necessitam de preservação.
O cânion do Poti atinge 360 metros de altura na
área de contato entre o cristalino e rochas sedimentares |
O Poti adentra o estado Piauí segundo uma falha
geológica responsável por mudar o curso do rio, até então em direção ao mar.
Nas proximidades de Crateús (CE) começa a mudar de direção, para noroeste. No município
de Buriti dos Montes (PI), para oeste, desaguando no rio Parnaíba, em Teresina
(PI).
Com
uma extensão de 538 km, o rio possui bacia hidrográfica de aproximadamente
52.270 km², utilizada como corredor migratório entre as planícies do Piauí e
Maranhão e o semiárido do Ceará, Pernambuco e Bahia. No local, há gravuras
rupestres confeccionadas em baixo relevo, constituindo um dos mais importantes
complexos de gravuras rupestres das Américas.
Para
ser considerado cânion, um local precisa ter grande profundidade e extensão,
originando paredões naturais esculpidos geralmente pela ação dos ventos e das
águas. O Poti se enquadra na classificação de cânion, uma vez que o resultado
da ação mecânica das águas faz com que o rio corte estruturas geológicas e siga
o declive das camadas, aprofundando o leito e esculpindo paredões.
O
cânion do Poti atinge 360 metros de altura na área de contato entre o
cristalino e rochas sedimentares. Em toda a área proposta pelo estudo dos
geólogos, são observados sinais e presenças de fraturas e falhas, tanto em
terrenos do cristalino (estruturas geológicas
antigas, formadas na era Pré-Cambriana e início da era Paleozoica) como
sedimentares.
Proposta de Geoparque
Diante
de tantas características geológicas relevantes, a ideia é classificar o Cânion
do rio Poti como um Geoparque. O termo é uma marca atribuída pela Rede Global
de Geoparques, sobre comando da UNESCO, a uma área onde sítios do patrimônio
geológico devem ser preservados e protegidos e servirem de local para educação
e desenvolvimento sustentável.
O cânion do rio Poti é uma das
feições naturais do Piauí e Ceará |
O
Projeto Geoparques, criado pela CPRM em 2006, tem papel indutor na criação de
geoparques no Brasil. A premissa básica para a classificação dos locais é por meio
da identificação, levantamento, descrição, inventário, diagnóstico e divulgação
de áreas com potencial para futuros geoparques no território nacional.
Um
geoparque deve gerar atividade econômica pelo ecoturismo e ter importância
científica, devido a suas características de raridade, relevo e paisagens
diferenciadas com aspectos arqueológicos, ecológicos, históricos ou culturais.
Assessoria de Comunicação
Serviço Geológico do Brasil - CPRM
asscomdf@cprm.gov.br
(61) 2108-8467/8468
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