O Serviço Geológico do Brasil (CPRM) dá um passo
decisivo para ampliar a presença brasileira no Atlântico Sul. A empresa assina contrato
exclusivo com duração de 15 anos – para exploração de crostas ricas em cobalto, níquel, platina,
manganês, tálio e telúrio - com a Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISBA),
órgão ligado à ONU, que regulamenta a exploração
na área internacional dos oceanos, considerada patrimônio comum da humanidade.
Esse é o primeiro contrato firmado com um país do
Hemisfério Sul e coloca o Brasil no seleto grupo de países que estão na
vanguarda das pesquisas minerais nos oceanos, entre eles, Rússia, Noruega, França, China,
Alemanha, Japão e Coréia do Sul.
Plano trabalho – O contrato prevê plano de trabalho que já foi apresentado
pela CPRM e aprovado pela ISBA. Ele visa estudar e explorar economicamente
recursos minerais numa área de 3 mil km², dividida em 150 blocos de 20 km²
cada, numa região conhecida como Alto do Rio Grande, que é uma elevação
submarina, localizada em águas internacionais no oeste do Atlântico Sul, a
cerca de 1.500km do Rio de Janeiro. É considerada
parte do patrimônio comum da humanidade.
Meio
Ambiente – O plano de trabalho é fortemente sustentado em parâmetros técnicos, revelando a
preocupação da instituição com o meio ambiente e o desenvolvimento sustentável. Os primeiros cinco anos do contrato firmado serão
dedicados ao desenvolvimento de estudos que vão detalhar o estado ambiental e servir
de referência para o estabelecimento de uma linha de base para o monitoramento
do meio ambiente na região.
Serão duas expedições de levantamento ambiental
para se conhecer o estado natural da abiota, condições geológicas e
oceanográficas do Alto do Rio Grande. As expedições irão coletar dados geofísicos oceanográficos,
amostragem de água, da mineralogia, petrografia, além de realizar estudos
geoquímicos.
As informações serão inseridas
em banco de dados geoespaciais e servirão para o moniramento ambiental e
definição das principais áreas de interesse para exploração mineral. Já a fase
seguinte será avaliação das características mineralógicas, estruturais e
geomorfológicas e ambientais das áreas de interesse. A terceria etapa do plano
de trabalho prevê a seleção de áreas para estudo da viabilidade econômica,
ambiental e técnica dos depósitos minerais identificados.
Desenvolvimento
tecnológico – A
iniciativa vai estimular o desenvolvimento científico e a criação de um parque
tecnológico capaz de desenvolver novas tecnologias e equipamentos de ponta para
dar suporte aos trabalhos de pesquisa. A proposta da CPRM envolve também
universidades e a cooperação com outros países, fortalecendo assim as relações
internacionais, técnicas e científicas.
Capacitação
de recursos humanos – A qualificação
de profissionais para atuar em águas profundas é outra aposta audaciosa. O
contrato inclui o compromisso brasileiro em oferecer oportunidades de treinamento para técnicos
de países em desenvolvimento. A ideia é fomentar a iniciação científica, a
geração de conhecimento e a capacitação de especialistas para que o país possa
estar apto a pesquisar e explorar minerais em águas profundas. Até o momento o
projeto envolveu cerca de 80 pesquisadores de diversas instituições e universidades.
Investimento - Nos últimos cinco anos foram investidos cerca de R$ 60 milhões em
pesquisas no Atlântico Sul. Esses
recursos vieram do Programa
de Aceleração do Crescimento (PAC). Para
desenvolver o plano de trabalho previsto no contrato serão necessários mais de
US$11 milhões.
Aprovação
da proposta brasileira – Aconteceu
durante a 20ª Sessão Anual do Conselho da Autoridade Internacional dos Fundos
Marinhos (ISBA), realizada em agosto de 2014, em Kingston, na Jamaica, do qual
participam mais de 160 países. A proposta brasileira se destacou pela forte
integração entre meio ambiente e geologia.
Histórico - Resultado de seis anos de estudos da CPRM, que contou com a participação
de equipe multidisciplinar das áreas de
geologia,
biologia, geofísica e oceonografia. O projeto
de geologia marinha desenvolvido pela CPRM vai aumentar o conhecimento estratégico sobre recursos existentes em
águas internacionais próxima à plataforma continental jurídica brasileira.
Considerado
estratégico pelo governo, o projeto de geologia marinha está inserido no Programa de Prospecção e Exploração de Recursos
Minerais da Área Internacional do Atlântico Sul e Equatorial (PROAREA), que
busca identificar áreas
de valor econômico e de importância político-estratégica para o País na área
internacional do Atlântico Sul e Equatorial.
Desde
2009 foram realizadas diversas expedições ao Alto do Rio Grande para
coleta de dados que envolvem batimetria, gravimetria, magnetometria, filmagem
do assoalho oceânico e sísmico. Nesse período foram coletadas ainda 18
toneladas de amostras geológicas numa área de 132.000 km2.
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