O geólogo Irineu Capeletti na palestra de abertura da 4ª LatAm |
A palestra de abertura da 4ª LatAm coube ao geólogo
e assessor da Presidência da CPRM, Irineu Capeletti, responsável por um dos
projetos mais importantes voltados para a recuperação de uma área degradada
pela mineração no Brasil: “Recuperação ambiental de áreas degradadas pela
extração de carvão mineral a céu aberto e em minas subterrâneas no Estado de
Santa Catarina”.
Em sua apresentação, Capeletti mostrou o processo de
recuperação ambiental da Bacia Carbonífera em áreas de responsabilidade da
União Federal e que pertenciam às empresas Treviso e CBCA num total de 1.130.53
hectares, e abordou a contaminação dos recursos hídricos na região por drenagem
ácida de mina, demonstrando os resultados alcançados com a transformação de uma
área de 42 hectares plenamente recuperada.
Segundo Capeletti, o processo partiu de uma setença
judicial que obriga a União a recuperar áreas degradadas pela exploração de
carvão mineral em Santa Catarina. Assim, por determinação do Ministério de
Minas e Energia, a CPRM foi encarregada de recuperar as áreas localizadas na
região do município de Criciúma, trabalho acompanhado pelo Ministério Público
Federal, cujos custos para a recuperação das áreas, com prazo estimado até
2020, estão orçados em cerca de R$ 350 milhões. Esses recursos são usados em
obras de engenharia, terraplenagem, drenagem, isolamento de rejeitos,
reflorestamento com plantio de espécies nativas de Mata Atlântica e
neutralização de águas ácidas.
Área Belluno recuperada e em
plena evolução
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Capeletti explicou que na primeira área recuperada,
Belluno, iniciada em 2013 e já
concluída, foi feito isolamento do material contaminante chamado estéril, de
restos de material carbonoso e realizadas obras de engenharia civil, como canais
de drenagem de água de chuva. Em Belluno, também realizou-se uma experiência inovativa
em dois hectares, onde, em vez de aplicar os insumos turfa e cama de aviário
para a reconstituição do solo orgânico, subistituiu-se por um componente
orgânico líquido, chamado BIOHC. Os resultados foram muito bons com a vantagem
da redução dos custos em 40% em relação aos insumos turfa e cama de aviário.
Após a apresentação de abertura, seguiram-se várias
palestras de representantes de instituições e empresas brasileiras e
latino-americanas (Chile, Peru, México), que discutiram, dentre outras, as questões atuais sobre o uso sustentável da
água na mineração; bem como alterações normativas para o reuso de água na
América Latina; as visões governamentais sobre o assunto; as novas práticas
adotadas nas indústrias de mineração para a gestão sustentável da água; água,
mineração e comunidades: uma abordagem para a gestão compartilhada da água;
práticas sustentáveis de gestão da água para o encerramento da mina; soluções avançadas
e de baixo custo para a gestão da qualidade de águas subterrâneas; e redução do
impacto ambiental de água produzida na mineração.
Além de Irineu Capeletti, o
evento também contou com a participação dos seguintes pesquisadores da CPRM:
André Invernizzi, do Centro de Desenvolvimento Tecnológico (CEDES), CPRM/Rio de
Janeiro; Albert Cardoso, da Superintendência Regional de Goiânia; Marlon
Hoelzel, da Superintendência Regional de Porto Alegre; e Alice Castilho, Magda
Pinto e Lúcio Martins, da Superintendência Regional de Belo Horizonte.