Diretor Roberto Ventura durante apresentação
do
programa de pesquisa brasileiro
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Pesquisadores brasileiros, alemães, franceses, americanos e
japoneses se reuniram no Rio de Janeiro, durante Workshop Scientific Drilling,
para discutirem parceria inédita para o desenvolvimento de pesquisas que vão
investigar os processos de evolução geológica
no fundo dos oceanos. A ideia do encontro é formar um consórcio entre esses
países que fazem parte do International Ocean Programa
Discovery (IODP) para ampliar o conhecimento científico no Atlântico Sul.
Discovery
(IODP) para ampliar o conhecimento científico no Atlântico Sul.
Durante três dias 50 cientistas debateram propostas que serão
apresentadas ao IODP que prevê a perfuração para coleta e análise de amostras de
rochas em pontos estratégicos, na Elevação do Rio Grande, Platô de São Paulo e em
Walvis Ridge, na costa da África. O encontro promovido pelo Serviço
Geológico do Brasil (CPRM), em parceria com a Petrobras, Universidade
de Heidelberg e Unesp faz parte das comemorações
do ano do Brasil na Alemanha.
O encontro reuniu representantes
de vários países
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O diretor de Geologia
e Recursos Minerais da CPRM, Roberto Ventura, um dos coordenadores do workshop,
apresentou as novas descobertas geológicas feitas
pela empresa na Elevação do Rio Grande e Platô de São Paulo, locais
onde a instituição realiza um audacioso programa de pesquisa de geologia marinha
que reforça a presença brasileira no Atlântico Sul.
O diretor defende a iniciativa do encontro e
destaca o protagonismo do Brasil ao sediar o evento, que segundo ele, é
resultado do trabalho das pesquisas que a CPRM vem desenvolvendo nos últimos
anos, seja na costa brasileira ou em águas internacionais do Atlântico. “Agora
estamos saindo de uma fase operacional para uma etapa integradora onde buscamos
reunir parceiros nacionais e do exterior. Queremos levantar grandes questões
para a ciência que vão além da geração de dados”, afirma Ventura.
A ideia é formatar uma proposta de
pesquisa em conjunto
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Parecia
internacional para aquisição de navio - o pesquisador alemão, Ulrich Glasmacher, da
universidade de Heidelberg destaca a liderança da CPRM no processo para
viabilizar navio de perfuração que vai perfurar na crosta oceânica ou crosta litosférica. “O encontro foi muito bem sucedido,
nós conseguimos juntar pesquisadores de vários países que estão se articulando juntos
na direção de conseguirmos um navio de perfuração para fazermos pesquisas em
parceria”, avalia Glasmacher.
A pesquisadora
da universidade de Columbia, Cornelia Class também acredita no potencial
da parceria que está sendo articulada. “Acho que nós vamos ter duas
ou três propostas para o Atlântico Sul. Acredito que vamos ter o navio para ir
lá perfurar”, diz.
Novas
fronteiras de conhecimento - A Petrobras possui um grande volume de
informações que precisam ser tratadas por especialistas, muitos são
estrangeiros, conta Adriano Viana, coordenador do Programa Tecnológico de
Fronteiras Exploratórias da empresa. “A
gente acredita que é importante também envolver o pessoal acadêmico brasileiro,
para que esse conhecimento não seja restrito a Petrobras ou pesquisadores de
fora do país.”
Viana
explica que a empresa apoia a iniciativa e está disposta a transferir seu conhecimento
porque acredita na maturidade do meio acadêmico brasileiro e na seriedade da
CPRM. “A CPRM é fundamental nesse processo porque ela agrega e ao mesmo tempo complementa
o papel que a Petrobras vem desempenhando, ela é partícipe e parceira nessa iniciativa
de trazer para a comunidade cientifica essa discussão”, diz o representante da
Petrobras.
Segundo
Viana todo processo de descoberta mineral, independente do recurso é fomentado
em conhecimento. “Para que a gente consiga ter discernimento de onde procurar é
necessário conhecimento científico de base muito robusto, e quem gera esse
conhecimento é a academia.”
Universidades gerando conhecimento - Mônica Heilbron pesquisadora da
Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) comenta a importância de se conhecer
a evolução do Atlântico Sul, principalmente, a formação geológica da costa
brasileira. “Conhecer o fundo do oceano pode trazer dividendos econômicos ao
Brasil no futuro”, diz. Ela avalia que o conhecimento atual do Atlântico está concentrado
em empresa de petrolíferas. “Esse projeto de perfuração pode unificar esses
dados e complementá-los de maneira a ampliar ainda mais o conhecimento
científico sobre a crosta oceânica.”
Helton Dantas do Instituto de Geociências da UnB
concorda com a avaliação da pesquisadora da UERJ. Ele destaca que muitas
análises das pesquisas serão feitos nos laboratórios das universidades
brasileiras, como a própria UnB e USP que estão preparadas para o desafio, pois
possuem parque tecnológico capaz de atender essa demanda.
“Nós temos certeza do sucesso dessa proposta de perfuração, que
vai gerar resultados não só para empresas, mas também para a academia, afirma
Peter Hackspacher, do Instituto de Estudos Avançados do Mar da Unesp. Ele
também acredita que o programa de perfuração vai impulsionar o parque
tecnológico das universidades e contribuir
para formação de recursos humanos e ajudar a gerar benefício também para a
indústria.
IODP - reúne cientistas de 26 países,
inclusive do Brasil, e utiliza modernos equipamentos de perfuração montados a
bordo de navios para monitorar os ambientes no fundo dos oceanos para documentar
mudanças ambientais, processos e os efeitos da Terra, a biosfera, os ciclos de
terra sólida, geodinâmica, além de recuperar registros geológicos e amostras de rochas do manto.
Pesquisadores
CPRM participam do evento– o
encontro contou com participação do chefe do Departamento de Geologia,
Reginaldo Alves; do chefe do Departamento de Recursos Minerais Valdir Silveira;
do chefe da Divisão de Geologia Marinha, Ivo Pessanha; do geólogo Eugênio
Frazão, o primeiro aquanalta brasileiro; além de técnicos e pesquisadores que
atuam na equipe de pesquisa de geologia marinha da empresa. Michelle Araújo,
coordenadora executiva da Diretoria de Relações Institucionais foi a
responsável pela organização do evento.